As próximas paradas pelos conjuntos arquitetônicos serão fora do Centrão de BH. Agora, basta atravessar o Viaduto Santa Tereza para chegar ao Edifício Chagas Dória, na Rua Sapucaí, 571. Antes de mais nada, é bom destacar que a Sapucaí, mirante natural com bares, restaurantes e badalação, consiste em um dos pilares do pacote de intervenções como o “Centro de Todo Mundo”, da Prefeitura de Belo Horizonte, que pretende, além de deixar a região mais bonita, arborizada e acessível, melhorar opções de mobilidade, lazer, cultura, desenvolvimento e segurança.
Na via pública, na esquina com a Avenida Assis Chateaubriand, destaca-se o Edifício Chagas Dória, bem cultural tombado como parte do Conjunto Urbano Bairro Floresta. Altaneiro e em posição estratégica, o prédio parece uma testemunha da cidade.
Erguido nos anos 1930 e inspirado no art-déco, período em que esse estilo construtivo estava sendo introduzido na nova capital, juntamente com a inovação do concreto armado, o edifício Chagas Dória, pertencente à União, serviria para abrigar o Instituto de Auxílios Mútuos dos Empregados da Estrada de Ferro Oeste de Minas. O prédio foi construído pelo engenheiro civil, geógrafo e construtor mineiro Alfredo Carneiro Santiago, entre 1932-1934. Desde então, teve múltiplos usos. No local, há um segurança, conforme verificaram os repórteres.
Não muito distante, há descobertas e constatação de abandono. Em estilo eclético da primeira fase com influência neoclássica, o imóvel particular, na Avenida Assis Chateaubriand, 524, é tombado como parte do Conjunto Urbano do Bairro Floresta. O cenário é deplorável, com pichações, sujeira e partes degradadas. Na esquina da Avenida Assis Chateaubriand com a Rua Tabaiares, os repórteres ouviram comentários dos vizinhos sobre a necessidade de uma solução para a casa fechada há vários anos.
Não muito distante, há descobertas e constatação de abandono. Em estilo eclético da primeira fase com influência neoclássica, o imóvel particular, na Avenida Assis Chateaubriand, 524, é tombado como parte do Conjunto Urbano do Bairro Floresta. O cenário é deplorável, com pichações, sujeira e partes degradadas. Na esquina da Avenida Assis Chateaubriand com a Rua Tabaiares, os repórteres ouviram comentários dos vizinhos sobre a necessidade de uma solução para a casa fechada há vários anos.
No mesmo bairro, desta vez na Rua Silva Jardim, 183, há uma construção de dois pavimentos, pertencente ao Conjunto Urbano Protegido Bairro Floresta. Segundo a Fundação Municipal de Cultura/PBH, o imóvel está com processo de tombamento aberto, mas ainda inconcluso.
Conjunto Urbano Bairro Floresta
Moradores contam que a edificação se encontra fechada desde a morte de uma senhora que ali viveu por décadas. “Não vejo ninguém aí. Uma pena, pois é uma casa bonita. Daria um ótimo restaurante”, disse uma mulher que trabalha no bairro e passa, diariamente, nesse trecho da Rua Silva Jardim.
Já no vizinho Bairro Colégio Batista, a casa da Rua Plombagina, 61, inspira cuidados. De acordo com a Fundação Municipal de Cultura, trata-se de um bem tombado inserido no perímetro de proteção do Conjunto Urbano Bairro Floresta. Nessa via pública do bairro, há várias casas da década de 1920, e o estado lastimável dessa construção preocupa muitos belo-horizontinos.
“Estamos tão pertinho da Avenida do Contorno e do Centro da cidade...custava alguém tomar uma providência e restaurar esse imóvel? Mesmo que não sejam casas centenárias, estão no ‘coração’ de BH e do seu povo”, desabafou um morador. “Certamente, querem deixar cair para depois vender o terreno. Assim, de queda em queda, BH vai ficando com seu patrimônio mais pobre”, analisou uma moradora das proximidades.
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Também no bairro, sobrevive, em estado quase terminal, uma construção na Rua Itaúna, 269, na esquina com a Rua Guaranésia. Com cadeado no portão e total decadência, o imóvel é um pálido retrato de outros tempos. “Desperdício, não é? Uma tristeza ver o patrimônio se decompondo, às vezes por briga de família, às vezes por falta de manutenção mesmo”, comentou um morador da Rua Itaúna, que chegava em casa, no feriado da Independência, carregando sacolas de supermercado.
Nobreza ultrajada
A viagem pela cidade está perto de chegar ao fim, mas um exemplo fere os olhos. Na Avenida Bias Fortes, 1034, na esquina com a Rua Guajajaras, está um bem tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte. Localizado em um dos pontos mais nobres da capital, perto do Minascentro, do Mercado Central e do Conjunto JK, o imóvel integra uma sequência de edificações situadas em um dos núcleos que caracterizam o Bairro de Lourdes.A situação do imóvel é lamentável, principalmente numa região que vem atraindo moradores de outros bairros, a partir do surgimento de restaurantes, bares, empreendimentos, e onde já existe o Mercado Novo, que atrai muitos jovens. “A única palavra que me vem à cabeça, quando vejo uma construção neste estado, é descaso. Descaso de todos os lados. Só consigo ver beleza no patrimônio cultural, nas casas que contam a história da cidade”, ressaltou a publicitária Renata Lima, residente numa casa de vila, que pertenceu à sua avó, no Bairro Nova Suíça. “As construções históricas devem ser restauradas, fico triste quando se encontram nesse estado de degradação.”
"Cidade é movimento"
Também na Avenida Bias Fortes, mais perto da Praça da Liberdade, uma imponente construção pintada de amarelo, no número 368, está fechada. Durante muito tempo, funcionou um hostel no endereço. Embora sem mostras de degradação, e com uma placa de “aluga-se” sobre um cômodo lateral, o imóvel tombado pelo município é uma lembrança de outros tempos. “Cidade é movimento, economia ativa, gente chegando e partindo. As casas, assim como qualquer um de nós, precisam de carinho e atenção”, observou uma moradora do bairro.
Há edificações que se encontram tão entranhadas no cotidiano da cidade, que parecem fazer parte da vida de todo mundo. Em Belo Horizonte, é difícil encontrar quem não conheça a Villa Rizza, na Avenida do Contorno, 4.383, entre as ruas do Ouro e Pouso Alto, no Bairro Serra, na Região Centro-Sul. Depois de um tempo fechada, a edificação de 1929 está em obras, o que anima a vizinhança.
Tombado há 30 anos pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município, o imóvel projetado pelo arquiteto Gustavo Roscoe tem pinturas elaboradas pelo artista de origem italiana, Augusto Neri. A “villa”, pintada de verde, foi residência, bar-restaurante com posto de combustível, showroom e deverá abrigar uma clínica.
Paisagem urbana imediata
Segundo informações da PBH, a conformação estilística remete ao eclético tardio, com influências diversas (chalés e bangalôs), e sua implantação em esquina, em cota mais elevada em relação ao nível do logradouro, confere imponência ao imóvel na paisagem urbana imediata. É como se estivesse apresentando o que o passageiro, que ali chegava, iria encontrar no Bairro da Serra.
No Bairro Funcionários, está sendo restaurada a residência da Rua dos Aimorés, 628. O bem cultural tombado pertence ao Conjunto Arquitetônico com Tipologia da Comissão Construtora de Belo Horizonte, datada, possivelmente, de 1903, e tem desenho original com assinatura de Maurício Bernasconi. “Ficou fechada durante muito tempo, mas agora está a todo vapor. Tomara que continue”, deu as boas-vindas “à nova fase” um comerciante da região. bens tombados
Número de bens culturais tombados em BH
Na capital, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, há 873 bens culturais tombados pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município. A listagem dos bens protegidos em Belo Horizonte está disponível no Portal PBH.
A assessoria da PBH informa que não dispõe de um levantamento dos bens protegidos tombados (residenciais ou não) que se encontram fechados ou em pleno uso e, consequentemente, seu estado atual.
E informa que, segundo os laudos de estado de conservação elaborados para isenção do IPTU, menos de 5% dos imóveis não se encontram em bom estado de conservação. “O imóvel utilizado é, normalmente, melhor conservado”, informa a nota
da prefeitura.