Jornal Estado de Minas

CUIDADO!

Cachoeiras de Minas: comportamentos arriscados aumentam acidentes


Um dos indícios de que a ameaça está prestes a ocorrer, segundo a Defesa Civil Estadual, é a mudança da cor da água, com maior presença de galhos e folhas no leito. Fatores climáticos como esse estiveram presentes em seis das 33 mortes nas 16 cachoeiras mais perigosas de Minas Gerais, segundo o levantamento do Estado de Minas.





Analisando relatos de testemunhas e de socorristas nas 16 cachoeiras com mais de um registro de morte, constata-se que quase um terço das vítimas estava em situações em que uma pessoa começou a se afogar e outra tentou resgatá-la pulando na água, resultando em afogamentos duplos e até triplos. Essa situação resultou em 10 óbitos entre 2018 e 2022 em Minas.

Dessas mortes, três foram entre membros da mesma família, em 2018, na Cachoeira do Choro, um segmento em cascatas do Rio Paraopeba, em Curvelo, na Região Central de Minas. No dia 11 de setembro daquele ano, uma criança de 11 anos começou a se afogar. O pai e o avô se lançaram na cachoeira para tentar salvá-la, e os três acabaram morrendo afogados.

“É do perfil do brasileiro tentar ajudar ao próximo, mesmo arriscando a sua própria vida. Mas, mesmo quem sabe nadar não está treinado para salvamento”, afirma o capitão Fabrício Eduardo Dalfior, instrutor de salvamento aquático do Corpo de Bombeiros. O militar recomenda que as pessoas tentem atirar objetos flutuantes ou cordas e galhos para puxar para fora d'água um banhista que esteja se afogando.



Capitão Fabrício Dalfior, instrutor de salvamento aquático do Corpo de Bombeiros: "É do perfil do brasileiro tentar ajudar ao próximo, mesmo arriscando a sua própria vida. Mas, mesmo quem sabe nadar não está treinado para salvamento" (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)

Segundo ele, o afogamento tem três fases. “A primeira é a angústia, a pessoa tenta tudo o que pode para sobreviver. Em seguida, vem o pânico. Nesse momento, a pessoa fica irracional. É tão desesperador que um pai afoga o filho tentando sair da água para respirar. E, por fim, vem a submersão”, relata o capitão Fabrício Dalfior.

A armadilha das selfies

Outro fator que tem chamado a atenção dos socorristas nos afogamentos em cachoeiras é o hábito de tirar fotos com o celular na beira das quedas d'água. “Tem nos surpreendido a quantidade de gente se afogando em cachoeiras ao escorregar para fazer selfies. Pessoas que não sabem nadar e que geralmente manteriam distância de cachoeiras se encorajam para tirar esse tipo de foto para postar em redes sociais”, alerta o oficial dos bombeiros.

Quedas d'água com condições adversas, como correntezas fortes, redemoinhos e pedras instáveis ou escorregadias mataram cinco pessoas no período avaliado pelo EM. O mesmo número de vítimas não sabia nadar e caiu nas águas ou entrou na cachoeira e se afogou, mesmo quantitativo de óbitos que vitimaram quem tentou atravessar as formações e não conseguiu por cansaço, câimbras, falta de força ou técnica. No período foram duas mortes de pessoas que passaram mal em quedas d'água em Minas Gerais.