"O dia mais importante para os indígenas nos últimos anos". Assim classificam este 20 de setembro lideranças Xakriabá que fecham a BR-135 entre Itacarambi e São João das Missões, no Norte de Minas. Cerca de 200 pessoas protestam contra a tese do marco temporal, que voltou à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (20/9).
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Onda de calor: quando será o pico em MinasAdolescente é deixada por suspeito em batalhão da polícia depois de estuproHomem que escapou da barragem de Brumadinho será indenizado em R$ 80 milCarreta tomba na BR-262 e motorista morre; rodovia é interditada"Nós sabemos que se o marco temporal for aprovado, perderemos nosso direito da retomada da terra. O povo indígena é dono de toda essa terra, nós não aceitamos o marco temporal. É por isso que nos manifestamos. Não podemos viver sem nossa terra. Índio sem terra não é índio", afirma Alvinho, vice-cacique da aldeia Riacho do Brejo, ao Estado de Minas.
Com parte do território demarcado em 1987, as terras Xakriabá em São João das Missões têm partes homologadas pela Funai após a Constituição. Uma delas compreende a atual Aldeia Tenda, reocupada pelos povos originários no fim dos anos 1990. O líder da região, cacique Agenor, teme pelas conquistas obtidas por seu povo.
"Lidero uma comunidade com 248 famílias, 110 pessoas. A luta pela demarcação foi uma luta com muitas ameaças, ainda existem ameaças porque estamos no limite da terra demarcada. Nesse momento, temos uma preocupação que se essa lei for aprovada, corremos o risco de perder até o que foi demarcado e de não conseguir avançar até o Rio São Francisco", disse em conversa com a reportagem.
Agenor cita um dos atuais pleitos dos Xakriabá, a retomada do leito do Rio São Francisco. Conhecidos como "bons de remo", o povo ocupava originariamente o rio que corta o Norte de Minas e parte do Nordeste brasileiro, mas foi afastado por posseiros até onde hoje estão, a cerca de 40 km do curso d'água.
Hoje, a maior parte da reserva Xakriabá sofre com a seca e depende de abastecimento por poços artesianos e caminhões-pipa, insuficientes para toda a demanda. O entendimento das lideranças é que a aprovação do marco temporal, além de colocar terras já demarcadas em risco, impede o avanço por mais direitos.