Moradores de municípios afetados por rompimentos de barragens em Minas Gerais realizam protesto, na manhã desta terça-feira (26/9), na porta do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na Avenida Raja Gabaglia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. No local, acontece uma reunião para discutir as reparações individuais pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH.
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Os manifestantes também lembram os 272 mortos na tragédia e cobra justiça. “Nosso papel aqui hoje é cobrar que o processo criminal ande. Não existe reparação se o processo criminal não andar. Estamos falando de um dos maiores crimes do Brasil. Passados quase cinco anos, os principais envolvidos estão livres”, afirma Silas Fialho, morador e liderança dos atingidos em Brumadinho.
Qualidade da água
Há quatro anos, uma onda de rejeitos de mineração contaminou o rio Paraopeba e impactou a vida de 26 municípios. Com a contaminação da bacia do Paraopeba pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, segundo maior desastre da mineração no país, a gestão hídrica virou um desafio para comunidades atingidas de onde tiravam sua principal fonte de alimento e sobrevivência. O Paraopeba tem extensão de 546,5 km e área de 12.054,25 km², que corresponde a 5,14% do território da bacia do rio São Francisco.
O rio garantia a pesca, cultivo de alimentos e a navegação para a população de Caetanópolis. "Nós vivemos da pesca. Para se pescar em Minas e em parte do Brasil tem que passar pelas bacias do Paraopeba e Rio Doce. Se não tem o rio, não tem pescador", lamenta Marileia Aparecida Alves, moradora do município. Ela diz ter visto inúmeros pessoas passarem fome depois que a lama varreu a comunidade local e contaminou o rio. "Queremos o que foi tirado de nós por direito. Tínhamos o direito de ir e vir e hoje não temos mais esse direito", reclama.
A qualidade da água é uma das principais preocupações dos manifestantes que estiveram na porta do TJMG nesta manhã. Um relatório feito pela Fundação "SOS Mata Atlântica" no rio Paraopeba revelou a presença de metais pesados na água. "Até agora não temos uma comprovação da real extensão da contaminação. A gente ia lá no fundo do quintal e escolhia um franguinho que ia ser feito, colhia legumes na horta. Agora não temos nada disso", aponta Walter Matias Machado, 65 anos.
Para Clediane Silvestre, 35 anos, moradora de Citrolândia, a água continua imprópria e sem condições de uso. "Nem filtrada está ficando boa. A água da torneira sai gosmenta, amarela. Tem um gosto muito forte", afirmou ao Estado de Minas.
O rio garantia a pesca, cultivo de alimentos e a navegação para a população de Caetanópolis. "Nós vivemos da pesca. Para se pescar em Minas e em parte do Brasil tem que passar pelas bacias do Paraopeba e Rio Doce. Se não tem o rio, não tem pescador", lamenta Marileia Aparecida Alves, moradora do município. Ela diz ter visto inúmeros pessoas passarem fome depois que a lama varreu a comunidade local e contaminou o rio. "Queremos o que foi tirado de nós por direito. Tínhamos o direito de ir e vir e hoje não temos mais esse direito", reclama.
A qualidade da água é uma das principais preocupações dos manifestantes que estiveram na porta do TJMG nesta manhã. Um relatório feito pela Fundação "SOS Mata Atlântica" no rio Paraopeba revelou a presença de metais pesados na água. "Até agora não temos uma comprovação da real extensão da contaminação. A gente ia lá no fundo do quintal e escolhia um franguinho que ia ser feito, colhia legumes na horta. Agora não temos nada disso", aponta Walter Matias Machado, 65 anos.
Para Clediane Silvestre, 35 anos, moradora de Citrolândia, a água continua imprópria e sem condições de uso. "Nem filtrada está ficando boa. A água da torneira sai gosmenta, amarela. Tem um gosto muito forte", afirmou ao Estado de Minas.
Caso Brumadinho
No início de setembro, a Justiça suspendeu a definição sobre indenizações individuais pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Com isso, o processo voltou à situação que estava em agosto de 2022, quando foi feito o pedido de liquidação coletiva.
Grupos de pessoas atingidas defendem a definição de uma solução coletiva para as indenizações individuais. Nesta manhã, comissões de atingidos e o juiz responsável pelo caso se reúnem para debater a possibilidade de complementação da sentença quanto aos danos individuais.