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Estado de Minas CLIMA

El Niño pode trazer novas ondas de calor

Chuva de ontem baixou as temperaturas em BH, mas especialistas explicam que outro período escaldante pode ocorrer este ano


29/09/2023 04:00 - atualizado 29/09/2023 05:38
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Minas Gerais enfrenta onda de calor há 10 dias provocada pela ação do fenômeno El Niño, com temperatura máxima recorde em BH, de 38,6 c, registrada na última segunda-feira
Minas Gerais enfrenta onda de calor há 10 dias provocada pela ação do fenômeno El Niño, com temperatura máxima recorde em BH, de 38,6 c, registrada na última segunda-feira (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press.)

Conforme previsto pelos institutos de meteorologia, a chuva forte atingiu Belo Horizonte na tarde de ontem. Seis das nove regionais da capital tiveram registros de chuva moderada a forte. Em Venda Nova choveu em duas horas metade do esperado para todo o mês, de acordo com a Defesa Civil municipal. A ventania também preocupou quem estava na rua, com rajadas que chegaram a 50 km/h.

A pancada de chuva trouxe um alívio no calor das últimas semanas. A previsão para hoje é de céu nublado a parcialmente nublado e com possibilidade de chuvas isoladas. Porém, de acordo com especialistas, a trégua nas temperaturas pode durar pouco.  

Segundo o Climatempo, o risco de novas ondas de calor é provável em virtude da atuação do El Niño. A previsão indica a atuação de sistemas de alta pressão atmosférica - impedindo a formação de nuvens de chuva - estacionados sobre o Brasil durante outros períodos até o final da primavera, gerando novas situações de bloqueios atmosféricos, e, consequentemente, novas ondas de calor.

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Anete Fernandes, não descarta essa possibilidade, mas é cautelosa ao afirmar a ocorrência de novos fenômenos. “Estamos em ano de El Niño e, normalmente nesses períodos, o início da estação chuvosa é muito irregular. Não se descarta a possibilidade de outra onda de calor por estarmos em um ano atípico, mas neste momento não há como afirmar que outras ondas vão acontecer.”  

A meteorologista explica que a onda que provocou recordes históricos de calor pelo Brasil foi atípica e mais duradoura, com temperaturas acima da média desde 18 de setembro. “O início de primavera normalmente é quando são registradas as maiores temperaturas do ano pela condição climática de encerramento do período seco. Então não dá para descartar a possibilidade. Agora, que será mais intensa e com temperaturas maiores, não dá para cravar.”

O professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais  (IFMG), Fúlvio Cupolillo, reforça que as ondas de calor são eventos comuns e mais frequentes nos anos de atuação do El Niño. O fenômeno, segundo ele, se inicia em março e termina em dezembro. 

O especialista em climatologia lembra que o El Niño foi intenso entre os anos de 1982 e 1983, 1997 e 1998 e entre 2013 e 2014. “Este ano, o El Niño parece que pode ser mais intenso. Nos outros anos, tivemos 3°C a 4°C de anomalia de temperatura acima da média na superfície do Oceano Pacífico. Este ano já está com 3°C desde agosto.”
O professor classifica o fenômeno deste ano com intensidade entre média e forte. As ondas de calor nessas intensidades são mais comuns em Minas.  

“Quando isso acontece em Minas Gerais há aumento de temperatura e baixa umidade relativa do ar, dependendo da região do estado. Os efeitos de temperatura são diferentes. No Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha ele (El Niño) provoca aumento da seca. No restante do estado provoca aumento de temperatura e baixa umidade do ar. A intensidade dessas condições está ligada à região em que o município está localizado”, descreve.

Cupolillo lembra que o El Niño é um fenômeno distinto do aquecimento global e das mudanças climáticas. “Ele acontece em razão dos ventos planetários que existem porque o planeta faz o movimento de rotação. Quando os ventos são fortes acontece o La Niña e, quando estão fracos, o El Niño.”

Para o especialista, é provável que outras ondas de calor aconteçam até o fim do ano por influência do fenômeno. Ele avisa que se a temperatura na superfície do Pacífico aumentar, as ondas podem ser de maior intensidade também. 


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