Minas Gerais mudou sua capital no fim do século 19, mas Belo Horizonte não era o único município na disputa para herdar o título que anteriormente pertencia a Ouro Preto. BH venceu essa disputa, mas a concorrência foi acirrada e movimentou a população do estado em torno dos cinco nomes estudados para o posto de cidade mais importante do estado.
Em 1893, já estava decidido que Ouro Preto perderia o status de capital mineira. Nas primeiras décadas do século 18, a cidade histórica tinha sido escolhida para ser a capital da Capitania de Minas Gerais. A justificativa da mudança decidida no fim do século 19 era a de que o crescimento urbano esperado para uma capital não seria viável em Ouro Preto, devido ao relevo acidentado da região.
Com as candidaturas lançadas, veio a discórdia pela escolha da nova capital de Minas Gerais. A população se dividiu entre os “mudancistas”, favoráveis à nova capital, e os “não mudancistas”, que preferiam que tudo continuasse do jeito que estava. Os mudancistas venceram e uma comissão foi criada para escolher o melhor lugar para a capital planejada.
As cidades que tentaram ser capital
Enquanto o antigo arraial do Curral del-Rei discutia sua própria identidade, a região entrou na disputa para ser a nova capital mineira. Os outros concorrentes eram Juiz de Fora, na Zona da Mata; Barbacena, na Região Central; Várzea do Marçal, em São João del-Rei, no Campo das Vertentes; e Paraúna, na região da Serra do Cipó.
Em julho de 1890, o Clube Republicano de Belo Horizonte traçou um perfil a favor da cidade, destacando o que ela apresentava de benefícios caso fosse escolhida, segundo consta no livro “Notas Cronológicas de Belo Horizonte, de Octavio Penna. “A povoação de Belo Horizonte está situada n’uma bacia de campo com pequenos declives para o Ribeirão Grande que margea a povoação.”
E foram justamente a riqueza hídrica e a topografia os grandes pontos favoráveis à escolha de BH como futura capital. Sua posição na Região Central do estado também contou pontos a favor da cidade.
Concorrentes descartadas
Barbacena, por exemplo, foi excluída da disputa pela Comissão Construtora da Nova Capital com a justificativa de ter um relevo pouco atrativo para as pretensões de expansão e, segundo argumentos da época, ter “água de baixa qualidade”.
Na época, a população e empresários influentes de Juiz de Fora se mobilizaram em defesa pública pela escolha do município como capital. Porém, a cidade da Zona da Mata foi considerada longe demais, apesar de sua importância econômica.
Paraúna, hoje conhecida como Costa Sena, um distrito de Conceição do Mato Dentro, também saiu da disputa. Os motivos eram uma mistura do que afastou Ouro Preto de continuar como capital e das justificativas para a recusa de Juiz de Fora: terreno acidentado e estar em área distante.
E Várzea do Marçal, na região de São João del-Rei, teve chance de virar a capital de Minas, mas perdeu por ficar em terreno considerado pantanoso demais para uma expansão, segundo a equipe da Comissão Construtora. O Estado de Minas visitou, em 2012, Costa Sena e Várzea do Marçal e conversou com moradores sobre essa história.
Em 1897, apenas quatro anos depois da decisão, a nova capital foi erguida e nomeada Cidade de Minas. E, em 1901, passou a se chamar Belo Horizonte.
Em 1897, apenas quatro anos depois da decisão, a nova capital foi erguida e nomeada Cidade de Minas. E, em 1901, passou a se chamar Belo Horizonte.
Cidade de Minas, Bello Horisonte, BH…
A mudança oficial do nome do antigo arraial de Curral del-Rei para Belo Horizonte foi determinada em 12 de abril de 1890, por meio do Decreto 36, assinado pelo então presidente João Pinheiro da Silva, cargo semelhante ao de atual governador. O texto confirmava que a região aos pés da Serra do Curral deixaria de pertencer a Sabará:
“Doutor Governador do Estado de Minas Gerais resolve determinar que a freguesia do Curral D’El Rei, município de Sabará, passa a denominar-se d’ora em diante Belo Horizonte, conforme foi requerido pelos habitantes da mesma freguesia. Nesse sentido expeçam-se as necessárias comunicações. Palácio, em Ouro Preto, 12 de Abril de 1890.”
Sabia Não, Uai!
O Sabia Não, Uai! mostra de um jeito descontraído histórias e curiosidades relacionadas à cultura mineira. A produção conta com o apoio do vasto material disponível no arquivo de imagens do Estado de Minas, formado também por edições antigas do Diário da Tarde e da revista O Cruzeiro.O Sabia Não, Uai! foi um dos projetos brasileiros selecionados para a segunda fase do programa Acelerando Negócios Digitais, do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), programa apoiado pela Meta e desenvolvido em parceria com diversas associações de mídia (Abert, Aner, ANJ, Ajor, Abraji e ABMD) com o objetivo de atender às necessidades e desafios específicos de seus diferentes modelos de negócios.