Jornal Estado de Minas

URBANISMO

Terraços revelam o que há de mais belo no horizonte em BH

Com o dia claro, boa luminosidade e o azul tomando conta da imensidão, dá até para enxergar ao longe os contornos da Serra do Cipó, quase encostando no céu. Por outro ângulo, a Serra do Curral se emenda à da Piedade, e, bem mais perto, o Parque Municipal surge como ilha verde entre prédios, avenidas, carros, multidão... Admirar a paisagem traz encantos, surpresas, descobertas. Na capital, o terraço de edifícios – espaço novo em alguns; em outros, reabilitado – ganha mais charme com a chegada de bares, restaurantes, espaço para eventos culturais. Em um ponto nas alturas, há área suficiente para contemplar e constatar, muitas vezes em panorama de 360 graus, ao pôr do Sol ou sob a estrelas, o nome de batismo da cidade: e que belo é esse horizonte!
 
Em vários lugares de BH, os terraços, chamados de “rooftops” pelos admiradores da língua inglesa, colocam a cidade aos pés de moradores e visitantes. Um bom exemplo está no Mira!, na Praça Sete, no Centro de BH, que ocupa a cobertura do Edifício Dona Júlia Guerra e abre as portas para eventos culturais em diferentes formatos, incluindo uma segunda unidade do Zuzunely, restaurante e café especializado em brunch com produtos artesanais, assinado pela chef Bruna Haddad, que fica aberta ao público das 8h às 15h.




Quem já foi, aprovou e fez descobertas, a exemplo da analista de marketing Sue Tayne de Souza. “Gosto muito da minha cidade, mas, no caso da Praça Sete, a gente passa sempre correndo, né? Não vê direito. Então, nada melhor do que enxergá-la do alto, com tempo e em momento de lazer. Nunca tinha visto a Praça da Estação assim, do alto, a Rua Sapucaí, com sua mureta, e outros locais surpreendentes que ficam mais encantadores num fim de tarde.”
 
O reconhecimento da história ganha destaque na voz de um dos sócios do Mira!, Francis Dias. “Por ocupar um dos pontos mais icônicos e democráticos da capital, o projeto traz consigo uma responsabilidade grande, que é a de promover valores relacionados à inclusão e diversidade”, afirma. Ele conta que na concepção da casa foi tomada como pilar a memória do Edifício Dona Júlia Guerra, inaugurado na década de 1980.
 
“O prédio ocupa o lugar deixado pela antiga livraria Rex, destruída por um incêndio. No espaço, foi construído este arranha-céu de 25 andares, com arquitetura modernista, no intuito de trazer novos ares ao Centro de BH. Hoje, são inúmeras as iniciativas culturais fervilhando pela cidade. Queremos fomentar e promovê-las, recepcionando ideias, projetos, festas, feiras ou qualquer tipo de movimento que busque a integração social, cultural e de lazer”, ressalta o empresário.




 
Moradora do Centro, a empresária e influencer Karla Lopes curtiu duplamente a novidade, que conheceu já na inauguração da casa, na noite de 10 de fevereiro. “Acho importante a ocupação da área central de Belo Horizonte com bons empreendimentos, até mesmo para garantir mais segurança, atrair a população. Tenho escritório no Edifício Acaiaca, onde também existe um espaço para eventos, o qual pretendo conhecer em breve, mesmo se o dia estiver nublado”, conta ela, que, brinca com a facilidade de acesso: “Na saída do Mira!, quando todo mundo estava chamando o transporte por aplicativo, eu apenas precisava caminhar poucos metros para chegar em casa.”
 
A jornalista Poliana Rozado também aplaude a iniciativa, ressaltando que estar nas alturas, com uma vista tão bonita, é o diferencial dos terraços. “Com certeza, a gente vê a cidade por outro ângulo, de forma descontraída, numa ‘varandinha’ sobre BH.” Poliana já esteve em outro terraço, embora em evento diferente. “Do outro lado da Praça Sete, tem o P7 Criativo. Fui a uma feira, e considero interessante esse novo modo de ocupar o topo dos prédios”, disse.

O som do fim de tarde

Ainda no Centro de BH vê-se o recém-restaurado Edifício Acaiaca, construção da década de 1940 que ostenta na fachada os índios ou efígies indígenas – um de olho na Rua Espírito Santo, outro, na Rua dos Tamoios. Lá do alto, em quase oito décadas, as peças “assistiram” ao burburinho na Avenida Afonso Pena, às manifestações populares na escadaria da Igreja São José, ao surgimento dos arranha-céus e, acima de tudo, ao crescimento da metrópole.



Hoje, no 25º andar do edifício, quem assiste ao vaivém da cidade com vista privilegiada são os visitantes, no espaço de 650 metros quadrados onde ocorre, uma vez por mês o “Fim de tarde no Terraço Acaiaca”, informa a gestora Rosana Alkmim de Miranda. Ao preço de R$ 100, o interessado tem direito, além da vista deslumbrante e música a cargo de um saxofonista, a uma taça de espumante e petiscos. O próximo evento será em 18 de outubro. Outra experiência, aos sábados, é um brunch, das 10h às 13h, estando o próximo disponível marcado para 11 de novembro.
 
“Se chover, não há problema, pois 90% do nosso terraço, que tem 650 metros quadrados, é coberto. Este prédio faz parte da história de BH, integra nossa cultura, e queremos que mantenha essa vocação”, diz Rosana. Ela explica que o local está destinado a eventos particulares, mostras culturais, ensaios fotográficos e outros com, no máximo, 150 pessoas (informações sobre o evento no Instagram @terracoacaiaca).
 
Não muito longe, no número 250 da Rua Espírito Santo, fica o Eleven Café, que, como o nome em inglês traduz para o português, fica no décimo primeiro andar do Edifício Helena Maria. Aberto das 11h às 15h com pratos executivos, o estabelecimento nas alturas permite também uma bela vista da cidade. A simpática atendente Rayssa Alves aponta na visão das serras e locações turísticas da capital um convite para degustar as delícias da casa e a paisagem.




Vocação para a juventude

Gente de todas as gerações quer conhecer os terraços de BH, embora haja lugares quase exclusivos para a faixa dos 18 aos 30 anos. É o perfil do Night Market, criado há sete anos, no Bairro Estoril, na Região Oeste. A casa tem programação regular, aberta ao público, de sexta a domingo (consulte no Instagram @nightmarket.bh), e recebe eventos sociais e corporativos (@nightcorporate) em qualquer dia da semana, com a marca, claro, da vista espetacular, especialmente ao pôr do Sol. O bar foi inspirado num “rooftop bar” que um dos sócios, Matheus Braick (o outro é Herbert Carneiro), viu em Cingapura. “Nosso objetivo é valorizar a pessoas, favorecer a interação entre elas”, diz Braick. n 

De olho na regularização

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que o alvará de localização e funcionamento para os estabelecimentos não define horário das atividades, sendo o público máximo determinado pelo Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Para eventos com execução de música, é exigido laudo que ateste a eficiência do tratamento acústico do local. No caso de casas noturnas, o empreendimento é considerado de impacto, sendo necessário o licenciamento urbanístico. Em alguns casos, a depender da análise de impacto deliberada pelo Conselho Municipal de Política Urbana (Compur), são determinadas ações específicas, com medidas mitigadoras.