Aimorés – A celebração dos 25 anos do Instituto Terra, fundado pelo ambientalista e fotógrafo Sebastião Salgado em Aimorés, às margens do Rio Doce, em Minas Gerais, reafirma o compromisso com a preservação da região e a recuperação de áreas degradadas. Na manhã deste sábado (30/9), na comemoração de um quarto de século da instituição, Salgado, ao lado da mulher Lélia e do filho Juliano Salgado, lançou oficialmente o Terra Doce – um programa que conjuga resgate de nascentes em pequenas e médias propriedades, implementação de sistemas agroflorestais e iniciativas de educação ambiental e produção cultural.
Patrocinado pelo KfW (banco estatal alemão) e pelo WWF Brasil, o Terra Doce representa, segundo divulgou o Instituto Terra, “uma quebra de paradigma no modelo das práticas de recuperação de nascentes”. O programa traz um modelo de reflorestamento integrado à cadeia produtiva como um consórcio que une floresta, gado e lavouras para restabelecimento da frequência de chuvas na região da Bacia do Rio Doce. Com aporte financeiro de 13,1 milhões de euros, a parceria prevê a recuperação de nascentes de pequenas e médias propriedades em municípios ribeirinhos como Conselheiro Pena, Itueta, Pocrane, Resplendor e Santa Rita do Itueto.
Leia Mais
Polícia de Meio Ambiente descobre área de desmatamento e exploraçãoAeroporto Internacional de BH fará mostra dedicada ao meio ambiente Serra do Curral: secretário de Meio Ambiente de Nova Lima é pressionadoSecretária de Estado de Meio Ambiente defende exploração da Serra do CurralEstações da Maria Fumaça terão avisos sonoros sobre meio ambienteAdutora rompe e causa grande vazamento de água em BetimDuas pessoas morrem em batida frontal entre caminhão e carro em MinasHomem morre atropelado por caminhão no Sul de MinasPraça da Estação vai passar por restauração e reformaBH tem nova lei de incentivo à democratização da educação superiorPopulação e empresas podem adotar escola pública em BH; entendaSONHOS E REALIDADE
Anfitrião da cerimônia de comemoração dos 25 anos, Sebastião Salgado lembrou que o começo não foi difícil. “A história da humanidade foi materialização de sonhos. O homem não sabia navegar, e aprendeu a fazer um barco, uma vela, o motor. O homem não sabia voar, sonhava em voar. Então, posso dizer que o Instituto Terra é a materialização de sonhos. Temos hoje viveiro com capacidade para produzir 500 mil novas árvores por ano, trabalhamos com milhares de produtores rurais para recuperarmos milhares de nascentes”.
Ressaltando que “daqui para frente é outra história”, Sebastião Salgado afirmou que o planeta passa por um período dramático, em função do aquecimento global e do aumento da “brutal” emissão de carbono. “As empresas recebem dinheiro para reduzir a emissão de carbono, mas a demanda é cada vez maior, se produz cada vez mais. A índia, por exemplo, com 1,4 bilhão de habitantes, está entrando no grande mercado de consumo”.
EXPANSÃO
Também na manhã deste sábado, o Instituto Terra anunciou a expansão de sua capacidade de reflorestamento com a compra de uma área vizinha à Fazenda Bulcão. A nova propriedade de 354 hectares aumenta cerca de 40% dos limites da atual Reserva Particular do Patrimônio Natural(RPPN), que é a primeira do Brasil reconhecida a restaurar uma região totalmente degradada.
Segundo a direção do instituto, a nova propriedade, cortada pelo córrego Chucha, tem um platô agricultável, mas se encontra degradada em sua maior parte, com acentuado aclive, “o que contribui de forma significativa para assoreamento dos córregos, problema que afeta a maioria das áreas encontradas na região”.
Presente ao encontro, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, destacou a importância das ações desenvolvidas, e manifestou o desejo de ter uma base do Instituto Terra em seu estado: “Vamos ajudar a adquirir dois, três alqueires para termos um viveiro de árvores brasileiras”. Casagrande falou também sobre a importâncias das bacias hidrográficas, no caso a do Rio Doce, que, mais do que as divisas entre estados e municípios, deve ser a base de planejamento.