Jornal Estado de Minas

ATIROU NA CABEÇA

Justiça determina prisão preventiva de policial que atirou em vigilante

A Justiça determinou, na tarde desta segunda-feira (2/10), a prisão preventiva do policial militar Aldir Gonçalves Ramos, de 41 anos, suspeito de atirar em um vigilante dentro de um posto da Guarda Municipal, na Pampulha, em Belo Horizonte. A vítima, que perdeu a vista direita, e Aldir foram indiciados, no inquérito aberto na Polícia Civil, por agressão. 



A decisão foi tomada após o suspeito passar por uma audiência de custódia nesta tarde. O crime seria consequência de uma briga de trânsito, depois que o vigilante Bruno Adão Gomes da Silva, de 35 anos, teria dado uma fechada na motocicleta de Aldir, na tarde de sábado (30/9), na orla da Lagoa da Pampulha.

Além da gravidade do crime, a juíza Juliana Beretta também considerou que "os fatos se deram em um sábado à tarde, em praça pública de lazer, frequentada por crianças e adultos, potencialmente colocados em risco".

O suspeito estava preso em uma unidade da Polícia Militar, na Pampulha, e agora segue para o sistema prisional, enquanto aguarda o julgamento. Procurada pela reportagem, o advogado de defesa do militar disse que não irá se manifestar publicamente, apenas nos autos do processo. Ele será julgado pela prática do crime de lesão corporal gravíssima.




Familiares e amigos de Bruno aguardavam o resultado da audiência de custódia na porta do Fórum Lafayette, na Região Centro-Sul de BH. Com faixas e gritos por justiça, eles comemoraram a decisão. A expectativa é de que o crime seja convertido para tentativa de homicídio, o que é confirmado pelos advogados contratados pela família, Gilmar Francisco dos Santos e Bruna Marques Vitebro.

Os advogados de Bruno pretendem incluir no processo a prática de falsa comunicação de crime, por supostas adulterações no boletim de ocorrência e pelo fato de o policial ter chamado Bruno de ladrão, e dano ao patrimônio particular, já que o militar bateu no carro de Bruno com uma pedra.

A defesa ainda levou a hipótese de que a vítima tenha levado os tiros enquanto estava algemada. "Iremos, ao longo da semana, ir atrás de novas provas. Desde sábado, Bruno vem sendo tratado pela PM como bandido ", afirma a advogada do vigilante.



Familiares e amigos de Bruno fizeram protesto na porta do Fórum durante audiência de custódia do militar, suspeito de atirar no vigilante (foto: Túlio Santos/EM/D.A.Press)


Relembre o caso


O crime ocorreu na tarde do último sábado (2/10), na orla da Lagoa da Pampulha, quando Bruno dirigia um Renault Sandero, e teria dado uma fechada na motocicleta de Aldir. Irritado, o cabo da Polícia Militar, que estava de folga e à paisana, começou a discutir com o motorista, que estava indo jogar futebol com amigos.

Ao chegar à praça da Igrejinha da Pampulha, o policial parou a motocicleta e, com uma pedra, passou a dar golpes na lataria do Sandero. O vigilante, nervoso, partiu para cima do policial. Os dois entraram em luta corporal e, em dado momento, Aldir tentou sacar o revólver. Bruno conseguiu tomar a arma e a jogou em um canteiro de flores.

Logo em seguida, o vigilante correu para a base da Guarda Municipal, onde se abrigou, mas o militar recuperou a arma, entrou na base e atirou na cabeça do vigilante. "Ele tentou desarmá-lo, já que em momento algum foi comunicado que ele era um policial. A PM precisa esclarecer os fatos. Houve diversas alterações no boletim de ocorrências", afirma a advogada Bruna.