A presença do bicho deixou os moradores do bairro Teotônio Batista de Freitas apreensivos, já que o animal pode causar irritação na pele e até consequências mais graves, caso seja ingerido.
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O verme, que se parece com uma lesma, tem a cabeça arredondada semelhante a um martelo, como diz seu nome popular, e pode chegar a até 60 cm de comprimento.
Não à toa, a escritora Kátia Oliveira Medina, de 45 anos, ficou assustada ao se deparar com o ser vivo pela primeira vez em seu quintal. "Vimos que era um bicho diferente, não era daqui. Desde o primeiro contato, mexi só com o pauzinho. O medo tomou conta, porque cada vez que a gente achava um, aparecia outro. Encontramos embaixo de um tapete e tocos de árvore", relata.
Ela mora na casa, que era da sua mãe, com os dois filhos, uma criança especial e outro de apenas quatro anos. "Medo maior é que temos uma criança pequena aqui. Estamos ficando mais dentro de casa para evitar ficar circulando pelo quintal", conta. Os vermes também teriam sido encontrados no rodapé da casa de um vizinho de Kátia. Depois disso, o bairro precisou ser isolado.
Habitats quentes, úmidos e escuros são exatamente os locais onde esse tipo de verme prefere viver, especialmente embaixo de folhas e de pedras de regiões de mata.
Naturais da Ásia, os vermes cabeça de martelo são mais comuns nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, foram vistos pela última vez em 1999, segundo a bióloga e mestre em sustentabilidade Fernanda Raggi.
"Ele foi trazido de forma não intencional para cá. Acredito que se desenvolveram e ficaram quietos, principalmente, nas áreas de botânicas e cavernas. Mas, as mudanças climáticas acabaram forçando eles a subir para a superficie", conta Fernanda.
Conhecidos pelo nome científico Bipalium kewense, os vermes cabeça de martelo são platelmintos, predadores de animais do solo, principalmente as minhocas. O muco de locomoção desses bichos contém tetrodotoxina, uma neurotoxina que interrompe a sinalização dos neurônios para os músculos, substância usada por eles, inclusive, para matar suas presas.
O principal perigo é, na verdade, para a própria horta, já que as minhocas desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento das plantas. Mas, a população deve ficar atenta com os animais de estimação e crianças.
Riscos à saúde de crianças e animais
A bióloga atesta que o invertebrado pode ser nocivo à saúde. "Ele oferece o risco, sim, se ingerido por animais domésticos e por crianças. Se os animais de estimação comerem os vermes, podem adoecer, levando à insuficiência cardíaca e respiratória. Se a toxina entra no organismo humano, os efeitos podem ser mais graves, apesar de ainda desconhecidos, afetando de forma mais intensa bebês e crianças", aponta.
Apesar da toxina no muco, tocar no animal não traz grandes riscos. O máximo que pode acontecer é uma irritação na pele, diz a especialista. Para eliminar os vermes de seus quintais, a bióloga sugere colocar sal no solo e fazer uma limpeza da casa com água sanitária. O procedimento é recomendado ser feito usando luvas para evitar o contato direto com o animal.
Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a Prefeitura de Pedro Leopoldo criticou a geração de "pânico sem que haja confirmação" de risco para os moradores e disse ter recebido análises não formais, tranquilizando, momentaneamente, a população.
Por meio de nota, o Executivo municipal disse que o verme foi recolhido anteontem (2/10) e passará por análises.
"Não há qualquer confirmação sobre ser um verme raro e tóxico. Continuando, o animal foi encontrado, até o momento, em uma única residência. Ainda é preciso dizer que a coleta foi realizada ontem à tarde, e, portanto, ainda não foi finalizada a análise. Somente após esta análise será possível avaliar qualquer providência, junto a especialistas, caso haja a confirmação", diz o comunicado da Prefeitura de Pedro Leopoldo.