Agentes da Polícia Federal, em atendimento ao pedido de cooperação da Procuradoria-Geral da República do México, deram início nessa segunda-feira (2/10) ao processo de exumação do corpo de um mineiro enterrado em Sardoá, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, para identificar se os restos mortais têm relação com o massacre em San Fernando, no México, em agosto de 2010. À época, 72 migrantes — sendo 58 homens e 14 mulheres — foram assassinados na fronteira com os Estados Unidos.
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Agora, em um novo capítulo, os trabalhos periciais, que devem durar mais dois ou três dias, segundo a delegada, serão acompanhados por peritos e antropólogos mexicanos e argentinos, além do Ministério Público Federal da República do México.
O massacre
Conforme a versão oficial, o crime ocorreu a menos de 150 quilômentros da fronteira com Estados Unidos, onde migrantes da Guatemala, Honduras, El Salvador, Equador, Brasil e Índia pretendiam chegar. No grupo havia dois mineiros: Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, e Hermínio Cardoso dos Santos, de 24, conforme divulgado pelo Itamaraty. A PF não disse qual deles está sendo exumado.
Em 2010, as autoridades mexicanas informaram que os migrantes foram sequestrados pelo cartel de Los Zetas — uma das organizações criminosas mais sanguinárias do país — e levados a um rancho onde foram obrigados a trabalhar. Porém, eles acabaram executados porque não concordarem com os serviços forçados.
Em abril de 2011, a polícia encontrou mais 193 corpos em valas comuns. Em 2014, as autoridades mexicanas reconheceram as participações de agentes das forças de segurança nas execuções. Nesse sentido, os policiais municipais de San Fernando teriam sido pagos pelo cartel dos Zetas para fazer o serviço.
Dez anos após o massacre, reportagem da agência AFP mostrou que, em 2020, estavam presas 15 pessoas. Até então, ninguém havia sido condenado. Não há informações atualizadas das autoridades locais sobre possíveis condenações.