A defesa dos três homens, de 20, 28 e 31 anos, indiciados pela Polícia Civil nessa terça-feira (3/10), por tentativa de homicídio contra um motorista de ônibus, de 59, em Belo Horizonte, contesta o resultado do inquérito policial e diz que o processo foi conduzido às pressas. Para o advogado do trio, o motorista é quem deveria ter sido indiciado por lesão corporal e tentativa de homicídio.
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Os desentendimentos com o motorista teriam começado logo que o grupo entrou no ônibus. Segundo o inquérito policial, a porta acabou esbarrando em um deles enquanto fechava, o que teria irritado um dos suspeitos, que acabou ameaçando o motorista. Na versão da defesa, o motorista, na verdade, teria fechado a porta no momento em que uma idosa descia do ônibus, quase a derrubando no chão, e isso foi o que motivou os xingamentos ao condutor. Nessa hora, outros passageiros também teriam endossado as ofensas ao motorista.
A discussão ficou mais acalorada depois que o motorista supostamente abriu as portas do ônibus com o veículo em movimento. Ele teria chegado, inclusive, a retirar o cinto de segurança para discutir com os suspeitos. "Depois, aí sim, foi o erro dos meus clientes. Da discussão calorosa virou uma via de fato. Um deles efetivamente deu um soco no motorista. O motorista se coloca como vítima. Mas, ele teve uma reação desproporcional, foi ele quem desferiu diversos golpes de faca nos meus clientes", destaca o advogado.
Ele avalia que o inquérito foi conduzido às pressas e contém uma série de erros. "O motorista fala, em seu depoimento, que não estava armado. Mas, na filmagem isso é incontroverso. Não existe uma testemunha que corrobore a tese de que eles entraram no ônibus e não pagaram a passagem. Os fatos não aconteceram como foi relatado", disse à reportagem do Estado de Minas. "Isso é preconceito contra três pessoas que já passaram pelo sistema prisional de alguma forma", afirma.
Ele também diz que a defesa não teve acesso à conclusão do exame de corpo de delito dos acusados. "O motorista não teve nenhuma lesão corporal feita por faca. Ele fala que teve um ferimento no braço. Esse ferimento foi por meio de uma mordida que um dos meninos deu para tentar tirar a faca da mão dele", afirma. Para o advogado, os elementos produzidos não demonstram indiciamento. "Estamos perplexos pela forma como o inquérito foi conduzido", disse.
Versão da polícia
A Polícia Civil afirma que os três suspeitos tinham o costume de entrar no ônibus pela porta de trás e ameaçar os motoristas, argumentando que "moram na favela e têm acesso a armas". No dia do crime, as filmagens mostram o motorista ainda dirigindo enquanto leva socos dos suspeitos. Momentos depois, ele tenta pegar um canivete para se defender.
Uma passageira conseguiu sair do veículo enquanto a briga estava em curso e acionou o motorista de outra linha, que prestou socorro ao colega, impedindo que ele sofresse um golpe de mata-leão. Apesar disso, a vítima teve vários ferimentos na região do crânio, face, mandíbula, braços e mãos.
A Polícia Civil esclareceu que o homem de 31 anos já possui antecedentes pelos crimes de tráfico de drogas, roubos majorados, corrupção de menores, furtos e porte de drogas para uso pessoal. Já o investigado de 28, parente do primeiro, tem passagens por tráfico de drogas, roubo majorado, corrupção de menores, posse ilegal de arma de fogo, lesões corporais, exercício ilegal da profissão e receptação. O jovem de 20 anos já foi preso por furto.
A reportagem do Estado de Minas procurou a Polícia Civil para comentar a versão da defesa e aguarda retorno.