Ouro Preto – Primeira cidade brasileira reconhecida como Patrimônio Mundial, Ouro Preto, na Região Central de Minas, assiste, nos últimos meses, a um crescimento no fluxo turístico animador para os gestores. De junho a agosto, houve um aumento entre 30% e 40% no número de visitantes em relação ao mesmo período do ano passado, informa o secretário Municipal de Cultura e Turismo, Flávio Malta. “Tivemos, em julho, o festival de inverno, depois o festival de jazz, e as pousadas ficaram cheias”, diz o secretário, certo de que os tempos pós-pandemia estimulam os setores turístico e cultural. “A partir de setembro começamos a receber a visita das escolas”, informa.
Com os bons ventos soprando para o turismo, quem chega à antiga Vila Rica e ex-capital de Minas encontra uma novidade bem na porta de entrada. Foi instalada (em caráter definitivo), no trevo de acesso a Ouro Preto e Mariana, a escultura “Pepita II”, com 20 toneladas de pedra serpentinita, que está suspensa a 12 metros. Concebida pelo artista Sérgio Machado, já reconhecido por seus trabalhos em pedra, a obra está amparada por duas barras de aço corten.
Machado explica que a serpentinita é “parente próxima da pedra-sabão, tão característica de Ouro Preto, e também tem parentesco com o granito”. Presente em construções do mundo inteiro há séculos, ela é usada em importantes monumentos, como no piso da entrada do Vaticano. A iniciativa é realizada por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Gerdau.
No seu passeio habitual de bicicleta, o operador de equipamentos, Vitor Campos, de 37 anos, admirou a escultura, que permite ver, enquadrado entre as duas barras de aço, o Pico do Itacolomi, um dos ícones da cidade reconhecida, em 1980, como Patrimônio Mundial – inscrição, por sinal, que está no trevo. Orgulhoso, Vitor lembra que a cidade tem seu berço na mineração, e destaca a iluminação do trevo, que realça o monumento à noite.
INSPIRADA EM POESIA
Para o prefeito de Ouro Preto e presidente das Associações das Cidades Históricas de Minas Gerais, Angelo Oswaldo, há poesia na obra. “Sérgio Machado eleva a pedra, no entrecruzar dos caminhos. Alçada entre duas lâminas de aço, antevê o Itacolomi, escultura da natureza. No Trevo da Jacuba, a obra do artista soleniza a entrada do monumento e consagra a pedra do mundo, pedra drummondiana, pedra do gigante Itamonte, habitante da poesia de Cláudio Manuel da Costa: ‘No vértice do vento e da manhã’, a pedra se ergue sobre os gerais das minas e tem o brilho mágico dos símbolos’”.
A “Pepita II” é uma oferta da Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, sendo selecionada por meio do edital Arte em Aço, lançado em 2021 para comemorar seus 120 anos. Conforme divulgou a Gerdau, “a escultura, embora gigante em tamanho, tem o traço marcante do minimalismo do artista, que buscou refletir sobre a importância do mineral para a região e para o Brasil, as riquezas minerais e o que estamos fazendo com elas.” E mais: “Pepita II ressalta, sobretudo, o contraste, base do conceito do barroco, mas em um novo marco totalmente contemporâneo. Dentre os contrapontos da obra, Sérgio Machado concebeu a escultura de modo que algo tão pesado pareça leve e flutuante a quem a admira”.