Jornal Estado de Minas

CRIME NA CAPITAL

Onda de arrombamentos assombra o Centro-Sul

Uma onda de assaltos, furtos e arrombamentos vem tirando o sono dos moradores nos bairros da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Nos últimos meses, foram feitos diversos registros de pessoas sendo assaltadas e de casas invadidas em plena luz do dia. Os casos alimentam a sensação de insegurança e o recorrente temor de moradores quanto ao avanço da criminalidade. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a capital tem uma média de 17,2 furtos a residências por dia.





Somente no último mês, a reportagem do Estado de Minas recebeu denúncias de pelo menos seis crimes de arrombamentos e furtos nos bairros Sion e Santa Lúcia, que ilustram a escalada do crime. Uma das vítimas foi Daniela Corrêa, proprietária de um restaurante na Rua Passa Tempo, no Bairro Sion. O estabelecimento foi invadido por um homem durante a madrugada de 6 de setembro. Cerca de R$ 500, que estavam em um cofre, foram furtados. “Ele (o autor) pegou uma sacola com doces de dentro da loja e mais de R$ 500 em moedas que estavam em um cofre, que a gente tinha acabado de trocar com um cliente”, contou Daniela. Esse não foi o primeiro ataque à loja neste ano. Em janeiro, o estabelecimento já havia sido arrombado, e um aparelho de televisão que ficava em parede da loja foi levado.

Nem mesmo grades e circuito de segurança afastam os criminosos. Daniela conta que procurou tomar medidas para impedir os roubos, mas, mesmo assim, eles continuaram acontecendo. “Reforçamos as portas, janelas, e, desta vez, o arrombador entrou por trás. É muito estranho, não sabemos como ele conseguiu. Para fazer um serviço ali onde ele subiu, a empresa precisa de uma escada, de tão alto que é pra acessar. Mesmo assim, o cara conseguiu arrombar e entrar no restaurante”, contou Daniela. “É aquela coisa, ficamos impotentes diante disso tudo”, completou a proprietária do restaurante.

Na mesma rua, outro bar foi invadido na mesma semana. Os suspeitos não levaram nada, mas o susto chamou a atenção do gerente, que não quis se identificar. “O cara que subiu aqui nem veio pra roubar. Ele se assustou e foi embora, não entendemos se ele queria ir no vizinho ou aqui mesmo”, contou.





As câmeras de segurança do restaurante também flagraram um prédio vizinho sendo invadido por dois homens no início de setembro. Os invasores furtaram um notebook da casa de uma mulher e fugiram em um Fiat Siena preto. “Acho que precisa melhorar muito a segurança, a passagem de polícia é muito pouco. Hoje temos poucos policiais na rua. Na área da Savassi, Anchieta, Funcionários tem havido muitos roubos e os bares estão prejudicados. Não podemos ficar abertos até mais tarde sem segurança”, desabafou o gerente do estabelecimento.

O mesmo carro foi visto durante roubos no Bairro Santa Lúcia, no fim do último mês. A reportagem do Estado de Minas recebeu relatos de pelo menos outros três arrombamentos de residências que envolvem o mesmo grupo, utilizando o veículo. Outros bairros como Ouro Preto, Itapuã e Pampulha também tiveram registros de crimes semelhantes.


PRISÕES


Um dos suspeitos de integrar a quadrilha que utilizava o Siena para roubos foi preso em 25 de setembro. Trata-se de um jovem, de 21 anos, que dirigia o carro na Região de Venda Nova quando foi abordado pela Polícia Militar. O suspeito não parou o veículo e tentou fugir. Durante a perseguição, ele chegou a bater em uma moto e entrar na contramão em várias ruas. O jovem foi pego após colidir com um outro veículo.





Em 15 de setembro, três homens, de 28, 37 e 38 anos, foram presos suspeitos de integrarem outra quadrilha que realizava o mesmo tipo de crime nos bairros Serra e Mangabeiras. As prisões ocorreram na Avenida Bandeirantes, no Bairro Serra. O veículo utilizado pelo trio, um Volkswagen Polo, estava na lista de monitoramento da Polícia Militar (PM) e foi abordado durante patrulha.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, os suspeitos assumiram que estavam em um veículo clonado. Com eles, os militares encontraram ferramentas, além de roupas, bonés e máscaras. Os registros da PM indicam que os três homens são suspeitos de, ao menos, 15  arrombamentos de imóveis de alto luxo nos últimos meses, nos bairros Mangabeiras, Comiteco e Belvedere,  no Centro-Sul da capital.