Jornal Estado de Minas

SANTOS DUMONT

Homenagens alçam voo com restauro de réplica do 14-Bis

 
A temporada de homenagens ao mineiro Alberto Santos Dumont (1873-1932), nos 150 anos do seu nascimento, ganha novos e festivos episódios, neste e no próximo mês, em cidades do interior do estado. Enquanto a terra natal, Santos Dumont, na Zona da Mata, reinaugura a réplica do célebre 14-Bis, inventado e pilotado pelo filho ilustre, Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), concede o Título Post Mortem de Cidadão Honorário ao “Pai da Aviação”.




 
 
A entrega do Título Post Mortem de Cidadão Honorário, proposta pelo vereador Paulo Henrique de Assis e sancionada pelo prefeito de Santa Luzia, Luiz Sérgio Ferreira Costa, será em 22 de novembro, às 10h, na Praça da Matriz, na frente do Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, no Centro Histórico. Conforme ficou acertado ontem, a honraria será recebida pelo representante da Força Aérea Brasileira (FAB), o comandante do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), brigadeiro do Ar José Henrique Kaipper.

Nascido na Fazenda Cabangu, em Santos Dumont, o “mineiro voador” e sua família têm raízes bem profundas no território das Gerais. O pai, Henrique Dumont (1832-1892), engenheiro, empreendedor e filho de franceses, era de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e a mãe, Francisca Paula Santos, de Ouro Preto, na Região Central. No caminho da família, estão também as cidades de Sabará, Matozinhos e Santa Luzia (RMBH).

Henrique Dumont morou em Sabará e também na Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, quando a cidade pertencia ao município de Santa Luzia – na Jaguara, nasceram três de seus oito filhos: Virgínia, Luís e Gabriela. Assim, em homenagem a Alberto Santos Dumont, o sexto filho de Henrique e Francisca Paula Santos, a Câmara Municipal de Santa Luzia vai conceder o Título Post Mortem de Cidadão Honorário. A proposta do vereador Paulo Henrique de Assis leva em conta que, se três irmãos nasceram na Jaguara, quando pertencia ao território luziense, há um forte vínculo com a cidade tricentenária.



O "Pai da Aviação" virou cidadão honorário de Santa Luzia (foto: Reprodução Jenri Ballot/O Cruzeiro/Arquivo EM)

NA TERRA NATAL

Já em Santos Dumont, na Zona da Mata, a 218 quilômetros de BH, está de volta ao seu lugar de origem a recém-restaurada réplica do célebre 14-Bis, o aeroplano inventado e pilotado pelo mineiro chamado pela imprensa francesa, em 1906, de “Conquistador do ar”. A reinauguração do monumento ocorreu na noite de segunda-feira (23/10), quando se comemorou o Dia do Aviador.

Com 8 metros de comprimento e 10m de envergadura, o que significa 75% do tamanho original, e pesando 1,2 mil quilos, a peça foi reinaugurada na Praça Bagatelle, espaço recuperado pela prefeitura local. Com a volta da réplica, o município encerrou as comemorações dos 150 anos de nascimento de Santos Dumont, que é Patrono da Aviação Brasileira, com a honraria de Marechal do Ar, e tem o nome no livro de aço do Panteão de Heróis da Pátria, em Brasília (DF).

Menor que o original, Cópia do aeroplano tem 8m de comprimento e 10m de envergadura (foto: Reprodução Jenri Ballot/O Cruzeiro/Arquivo EM)


Localizada no trevo Sul de entrada do município, na rodovia BR-040 (sentido BH-Rio de Janeiro), a réplica do 14-Bis, monumento tombado pelo município, saiu de cena há quatro meses para minucioso trabalho de restauração, no Senai, em Juiz de Fora, também na Zona da Mata, tendo à frente Vander José Montesse do Amaral. “Penso que Santos Dumont ficaria orgulhoso do nosso trabalho, pelo menos nós nos esforçamos para isso”, disse Vander, que é diretor das Unidades do Senai em Juiz de Fora e conhecedor da peça feita com estrutura de chapas e tubos galvanizados.





Após a desmontagem da réplica, segundo Vander, foram identificados vários problemas, a exemplo de pontos de corrosão, necessidade de substituição dos cabos de aço e de soldagem, e outros resultantes da ação do tempo e vandalismo. “Esse é um aspecto que merece atenção, pois até mesmo pedras já foram atiradas, pois o monumento fica entre a rodovia e a linha férrea”, afirma.

O serviço bancado pela Prefeitura de Santos Dumont (por licitação, no valor de R$ 75 mil) para as comemorações dos 150 anos, tem um capítulo especial relacionado à vida de Vander. Em 1999, ele participou da idealização e da confecção do monumento, e depois, em 2003, da primeira restauração. “Na época, isso foi feito pelo Centro de Formação Profissional de Santos Dumont, escola da qual fui, aluno, professor e diretor. Vinte anos depois, estar juntamente com a equipe do Senai, desta vez com a responsabilidade de conduzir a restauração, é muito gratificante.”