A paciente morreu, no dia 8 de maio deste ano, em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, após ser submetida, segundo a polícia, a uma lipoaspiração. “Ela saiu de casa para trabalhar como ela já tinha realizado inúmeros procedimentos ao longo de 12 anos de profissão”, enfatizou.
Leia Mais
Biomédica que fez lipoaspiração que matou mulher é indiciada por homicídioJuiz libera biomédica acusada de morte de paciente da prisão domiciliarBiomédica em prisão domiciliar oferta procedimentos estéticos na internetMG: Caminhoneiro morre preso às ferragens em acidente na BR-494BH tem chuva forte em 8 regionais; veja previsão para os próximos diasTambém acusou a polícia de cercear aos jornalistas informações importantes para a elucidação do caso. Uma delas é sobre a lidocaína encontrada no corpo da paciente. Ele alega que o produto é um dos compostos do líquido Klein – que também tem soro e bicarbonato - utilizado para anestesiar determinadas regiões do corpo.
“Esse líquido é usado por todos os profissionais da estética, sobretudo pelos biomédicos. O médico-cirurgião, aquele que faz a lipoaspiração, ele faz uma anestesia que é local ou geral, que é completamente diferente desse líquido Klein”, argumentou.
Contradizendo a alegação da perícia da Polícia Civil, o advogado disse que as perfurações no corpo de Íris não significam uma lipoaspiração.
“O simples fato de a vítima ter 12 pertuitos, que são pequenas inserções na região subcutânea, demonstra que não houve lipoaspiração. Uma lipoaspiração é um procedimento muito complexo, o qual o médico faz quatro furos enormes e utiliza cânulas enormes e uma máquina enorme para fazer a aspiração dessa gordura”, argumenta.
Lenoir mantém a informação de que a paciente foi submetida a uma lipo laser que, em tese, não é invasiva e sem cortes.
“No caso da biomedicina, eles podem sim utilizar o laser para fazer o procedimento estético. E aí tem, sim, que fazer esses pequenos pertuitos, que a Lorena já tinha realizado em diversas pessoas, para passar um fio de laser para fazer esse procedimento, que é autorizado pela biomedicina”, defende.
Primeiros socorros
O advogado voltou a dizer que a biomédica prestou todo o atendimento necessário a paciente. “Como que uma pessoa que, supostamente, assume o risco de matar, presta os primeiros socorros para a vítima e fica lá até o final, inclusive ela foi presa em suposto flagrante delito”, afirma. A equipe da clínica acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O advogado ainda relacionou o choque hemorrágico às tentativas de reanimação da vítima. “Ela foi massageada por mais de uma hora, seja pelo Samu ou pelos médicos que chegaram antes na clínica. Então, é claro que ela teria várias hemorragias internas”, argumentou.
A paciente foi levada para a Sala Vermelha do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) onde morreu cerca de 10 horas após dar entrada.
“O que eu percebo da Polícia Civil é que eles encontram um suspeito e vão atrás de um culpado, sem analisar os diversos ângulos que devem ser analisados com toda seriedade para a busca da verdade”, criticou.
Ocultação de provas
O inquérito também concluiu que houve ocultação de provas. Vídeos de câmeras de segurança mostram o momento em que uma das funcionárias de clínica chega a um estacionamento no centro da cidade.
No banco de trás, um dia após o ocorrido, a polícia encontrou um saco preto com medicamentos, adrenalina, anestésicos, soros usados para preenchimentos e bicarbonato, além de compressas sujas de sangue. Elas foram submetidas a análises que confirmaram se tratar do DNA da vítima.
Em imagens do circuito interno do prédio onde funcionava a clínica é possível ver um funcionário segurando um saco preto no momento em que a equipe do Samu chega.
Contudo, o advogado nega ocultação de provas. “Durante toda aquela confusão de retirar a vítima do procedimento, Samu, a Polícia Militar foi acionada, a Polícia Civil. Não teve prazo para ocultar nenhuma prova, para ocultar nenhum objeto”, alegou.
Causa da morte
De acordo com o médico-legista João Paulo Nunes “existe uma cadeia de eventos que levaram a morte da paciente”.
“Você tem traumatismo abdominal penetrante, com sinais evidentes de lipoaspiração, choque hemorrágico, intoxicação anestésica, conduzindo a uma parada cardiorrespiratória, ela contribuiu de forma decisiva para essa aspiração e desfecho do óbito”, afirmou.
“Você tem traumatismo abdominal penetrante, com sinais evidentes de lipoaspiração, choque hemorrágico, intoxicação anestésica, conduzindo a uma parada cardiorrespiratória, ela contribuiu de forma decisiva para essa aspiração e desfecho do óbito”, afirmou.
Lenoir contestou e afirmou que a vítima tomava cloridrato de paroxetina. “Por que o médico legista em momento algum explora isso? Que a paroxetina em conjunto com a lidocaína poderia causar um mal súbito na vítima?”, indagou. O advogado afirma que a informação foi repassada pelo marido de Íris.
A polícia diz não haver nenhuma prova de que a paciente usava ansiolítico.
Lenoir diz esperar uma conclusão diferente do Ministério Público. “Não é assim que se faz justiça”, declarou. Caberá ao órgão oferecer ou não a denúncia contra a biomédica.
*Amanda Quintiliano especial para o EM