Começam na sexta-feira as obras de revitalização da linha 1 do Metrô de Belo Horizonte. As intervenções fazem parte dos processos para possibilitar a implementação de uma segunda linha, responsável por atender mais regiões da capital. A primeira etapa de reformas conta com a renovação tanto da via permanente quanto da rede aérea do sistema.
A princípio, a revitalização estava prevista para dezembro. Porém, a empresa que administra o Metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Metrô BH, antecipou o cronograma. Nas obras feitas na via permanente, haverá substituição de trilhos, aparelhos de mudança de via e da camada de pedra britada entre os dormentes e a plataforma ferroviária, chamada de lastros. A revitalização também contemplará a troca de dormentes de concreto, madeira e as respectivas fixações e outros processos.
De acordo com o presidente da empresa Metrô BH, Guilherme Bastos Martins, o usuário vai sentir grandes benefícios trazidos pela reforma. “Como a diminuição de ruído durante as viagens e o aumento da velocidade dos trens, que possibilitará a diminuição do tempo de percurso entre estações, além da diminuição de atividades corretivas no horário operacional”, afirma. Ontem, o metrô operou com atrasos nas primeiras horas da manhã, devido a falhas técnicas, mas, segundo a empresa, o problema foi solucionado às 8h.
Já na rede área, onde ocorre a alimentação elétrica dos trens, está prevista a troca de chaves seccionadoras de energia, substituição de fios, postes de sustentação e outros componentes. De acordo com a empresa, o objetivo é trazer mais confiabilidade no sistema e melhor gestão dos ativos.
CRONOGRAMA
A maior parte das obras será feita no período noturno e nos finais de semana, com o propósito de impactar o mínimo possível a circulação de trens em horário operacional. Ao longo das obras, em períodos pontuais, os trens poderão trafegar em velocidade reduzida entre as estações supracitadas e o intervalo entre os trens pode ser alterado.
O planejamento é de que, até o fim de março de 2024, as intervenções do trecho entre as Estações Eldorado e Carlos Prates para os serviços de rede aérea, e das Estações Eldorado a Calafate para os serviços de Via Permanente sejam finalizadas. Além disso, segundo o edital de concessão, o prazo para a conclusão da revitalização no Sistema de Rede Aérea entre as Estações Eldorado e Vilarinho, na Linha 1, também é março de 2026. No mesmo trecho, a previsão de conclusão nos serviços de Via Permanente é para março de 2027. No entanto, de acordo com o Metrô BH, a empresa vai trabalhar junto ao governo do Estado, a fim de antecipar estes prazos.
LINHA 2
No dia 11, a Metrô BH anunciou que pretende começar as obras da segunda linha do metrô em maio de 2024. Após a conclusão da linha, mais de 90 bairros da Grande BH, onde vivem quase 300 mil pessoas, vão ter acesso ao serviço. Além das intervenções que antecedem a obra, a avaliação dos estudos ambientais e a solicitação da licença ambiental de funcionamento também já foram iniciadas, informou a empresa.
A previsão é de que as obras sejam concluídas em outubro de 2027. No novo traçado, serão 10,5 quilômetros de linha permanente do Bairro Nova Suissa, na Região Oeste da cidade, à Região do Barreiro, com sete estações: Nova Suissa, Amazonas, Salgado Filho, Vista Alegre, Ferrugem, M. Vallourec e Barreiro. As obras deverão começar pela estação Nova Suissa, na Região Oeste da capital, que fica entre as estações Gameleira e Calafate da linha 1.
Atualmente, há apenas uma linha de metrô em Belo Horizonte. São 28km de extensão com 19 estações interligadas a partir da estação Vilarinho, na Região de Venda Nova, até a Eldorado, no município de Contagem, vizinho da capital.
QUADRO DE HORÁRIOS
– Horário habitual: as bilheterias e as estações do metrô funcionam das 5h15 às 23h, todos os dias.
– Intervalo nos dias úteis: 7 minutos em horários de pico e 15 minutos nos demais horários. O horário de pico da manhã é das 6h às 8h30 e o da tarde das 16h30 às 19h.
– Intervalo habitual aos sábados, domingos e feriados: 15 minutos durante todo o dia.
– Custo da passagem: R$ 5,30.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho
Relembre a privatização
O metrô de Belo Horizonte foi vendido à Comporte Participações S.A por R$ 25,7 milhões em dezembro do ano passado. A criação da segunda linha estava prevista no contrato. A empresa que venceu o leilão já tem empreendimentos no transporte rodoviário e na construção civil. Controla a empresa VCB Transportes na cidade de Formiga, na Região Oeste de Minas e, agora também a Metrô BH. O processo de concessão foi marcado pela insegurança jurídica. A privatização, cujo principal articulador foi o governo de Romeu Zema (Novo), foi questionada pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCU-MG), por parlamentares mineiros e pelo Partido dos Trabalhadores, em pedido de liminar assinado por Gleisi Hoffman (PT), que na época era coordenadora política do governo de transição. Dias após enviar um ofício ao Ministério da Economia pedindo a suspensão do edital, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB) entrou em acordo com Zema e deu aval à privatização dos ativos da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).