As autoridades da Itália estão lutando para enfrentar uma crise na ilha de Lampedusa, ao sul do país, devido à chegada de milhares de imigrantes vindos da Tunísia, no norte da África.
Mais de 4 mil imigrantes teriam chegado na ilha nos últimos dias. Um centro para receber 850 imigrantes já estaria superlotado.
A chanceler da União Europeia, Catherine Ashton, viajou à Tunísia para discutir a questão. O ministro do Exterior italiano, Franco Frattini, também é esperado em Túnis nesta segunda-feira.
Segundo o jornal italiano La Repubblica, Frattini discutiu a situação dos imigrantes tunisianos com Ashton pelo telefone e pediu o envolvimento da agência de fronteiras do bloco europeu, a Frontex, para ajudar a patrulhar as águas de Lampedusa.
A Frontex, por sua vez, afirma que ainda não recebeu nenhum pedido do governo italiano. A Frontex já ajudou a Espanha a frear o fluxo de imigrantes para as Ilhas Canárias e atualmente está com uma equipe de polícia na Grécia, para impedir que imigrantes ilegais entrem na União Europeia vindos pela Turquia.
Uma porta-voz da Frontex disse à BBC que "estamos acompanhando de perto a situação na Itália e dois de nossos funcionários foram para a Itália no final de semana".
"Nós tivemos muitas operações em conjunto na Itália. O procedimento depende do tipo de pedido que tivermos", disse a porta-voz.
Para o envio da Frontex a Lampedusa seriam necessários dias ou até semanas de planejamento, pois integrantes da União Europeia teriam que concordar em colaborar com a missão, com equipamentos e funcionários.
Crise na Tunísia
Autoridades afirmaram que o fluxo de imigrantes da Tunísia se multiplicou com a crise que culminou com a saída do presidente Zine Al-Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro.
A agência de refugiados da ONU confirmou que alguns imigrantes estão em busca de asilo político, enquanto outros estão fugindo da pobreza.
A maioria dos imigrantes tenta chegar à Itália em pequenas embarcações, que são interceptadas pela guarda costeira.
No sábado, o governo da Itália disse que enfrenta uma situação de "emergência humanitária" no país devido ao fluxo de imigrantes.
Uma porta-voz da Organização Internacional para Imigração, Simona Moscarelli, disse que a Itália precisa levar os imigrantes de Lampedusa para outros lugares do país o mais rápido possível.
"É uma situação crítica. Por isso estamos pedindo para que o governo organize as viagens, o maior número de voos possível", disse Moscarelli à BBC pelo telefone, falando de Lampedusa.
Autoridades italianas afirmam que mil imigrantes, a maioria tunisianos, chegaram apenas no domingo, elevando o total para mais de 4 mil em Lampedusa.
A pequena ilha siciliana, que normalmente tem uma população de 5 mil pessoas, é mais perto do norte da África do que da Itália.