Jornal Estado de Minas

"Ruby rouba corações", a estrelinha que desestabilizou Berlusconi

AFP
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A marroquina "Ruby rouba corações", uma morena exuberante de cílios longos, está no centro de um escândalo, que levará ao julgamento, em abril, do chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, por ter usado seus serviços sexuais, quando ela era menor de idade.
A dançarina sexy participou, entre fevereiro e maio de 2010, de festas desenfreadas dadas por "Il Cavaliere" (Berlusconi, "O Cavaleiro") em suas residências privadas, onde a teria enchido de dinheiro e de presentes, quando tinha 17 anos.

Escutas telefônicas e depoimentos de testemunhas deram ao caso uma ampla cobertura na mídia sobre as atitudes libertinas presumíveis de Berlusconi e as pessoas ligadas a ele, com prostitutas e mulheres aspirantes à fama.

História

Ruby, que se chama verdadeiramente Karima El Mahroug, chegou com sua família a Letojanni, uma pequena cidade da Sicília, em 2003, onde viveu quatro anos com o pai, vendedor ambulante, e a mãe, do lar, e três irmãos mais jovens, tendo fugido de casa aos 14 anos.

Na pequena cidade siciliana, ela era conhecida por seu temperamento instável e a tendência a cometer pequenos delitos.

Foi aparentemente observada pelo grupo de Berlusconi numa discoteca de Milão. Uma dessas pessoas, Nicole Minetti, conselheira regional do partido de Berlusconi, contratou-a, então, para divertir o político.

Nicole Minetti chegou a ajudar Berlusconi a tirar Ruby da prisão em maio, quando havia sido detida por um suposto roubo - foi acusada pela companheira de quarto de lhe furtar 3.000 euros.

"Sobrinha de Mubarak"

Berlusconi chamou o chefe da polícia para pedir por ela, afirmando que era sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak. Solicitou que fosse confiada a Nicole Minetti para evitar um incidente diplomático.

Um Berlusconi indignado, depois, clamava não saber que Ruby, na verdade, não era sobrinha de Mubarak, alegando que a história fazia parte de uma série de mentiras da jovem, que também teria enganado a idade.

Também foi acusado de ter pago os serviços sexuais da jovem antes que completasse 18 anos, um fato repreensível penalmente, segundo a legislação italiana, e negado pelos dois.

No momento, Ruby tornou-se heroína do escândalo: protestou inocência a vários canais de televisão, contando a própria versão de seu passado, como história dolorosa.

Uma vez, chegou mesmo a chorar, contando a violação sofrida aos 9 anos de idade por dois tios paternos - um caso que a mãe a obrigou a manter em segredo, dizendo: "se seu pai descobrir que não é mais virgem, vai matá-la".

Dizendo-se grávida e prestes a se casar com Luca Rizzo, um disc jockey de 41 anos, Ruby, considerada "vítima" no processo, fala com ternura de Berlusconi, que descreve como um homem caridoso e muito sozinho, obrigado a comprar a afeição das mulheres.