Ao menos nove pessoas foram mortas nos confrontos desta quarta e quinta-feira entre manifestantes contrários ao governo e policiais na Líbia. Neste que é o terceiro dia de um movimento de contestação contra o regime do coronel Kadhafi, no poder há 42 anos, manifestantes convocaram através do Facebook "um Dia de Ira".
Em Benghazi, segunda maior cidade do país, situada a mil quilômetros a leste de Trípoli, "sete manifestantes morreram durante as manifestações de hoje", revelou uma fonte médica, que pediu para não ser identificada.
Protestos violentos também estouraram em Zenten, a 145 km de Trípoli, relatou o jornal líbio Quryna em seu site.
Mais cedo nesta quinta-feira, o jornal Quryna fez referência em seu site a duas vítimas em manifestações na quarta-feira, em Al Bayda, a 1.200 km a leste de Trípoli.
Segundo o jornal, que cita "fontes de segurança", o Ministério do Interior demitiu nesta quinta-feira um alto dirigente local dos serviços de segurança, após as mortes de dois manifestantes, Khaled Khanfer e Saad el-Yamani.
Várias viaturas policiais e carros particulares foram incendiados pela multidão, ainda segundo o jornal líbio.
"As tropas de choque e milícias de comitês revolucionários dispersaram, usando balas verdadeiras, uma manifestação pacífica de jovens da cidade de Al Bayda", fazendo "ao menos quatro mortos e vários feridos", informou anteriormente em um comunicado a Libya Watch, uma organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres.
Sites oposicionistas, incluindo o Libya Al-Youm, mencionaram também ao menos quatro manifestantes mortos por tiros.
Vídeos que circulam pela internet mostram dezenas de jovens reunidos na noite de quarta-feira em Al Bayda. Eles entoavam "o povo quer derrubar o governo", em meio a carros em fogo, sem qualquer presença policial.
A convocação do "Dia de Ira" contra o regime pareceu não surtir efeito em Trípoli, onde centenas de manifestantes pró-regime se reuniram à tarde na Praça Verde, no centro da capital, enquanto outros marchavam em procissão e carros buzinavam pelas ruas da cidade.
A Anistia Internacional, a Grã-Bretanha e a União Europeia pediram ao país na quarta-feira que evitasse utilizar a força, enquanto que os Estados Unidos disseram a Trípoli para "tomar medidas específicas que respondam às aspirações, necessidades e às expectativas de seu povo".