A cidade líbia de Benghazi é palco, nesta sexta-feira, de novas manifestações contra o governo do líder Muamar Khadafi, segundo relatos de testemunhas.
Dezenas de milhares de pessoas se reuniram na entrada da corte de Justiça local para exigir reformas políticas no país, relatou à BBC um advogado que mora na cidade.
É em Benghazi, segunda maior cidade do país, que têm ocorrido as mais fortes manifestações antigoverno nos últimos dias, sob forte repressão das forças de segurança.
No que se acredita que seja a primeira resposta oficial aos protestos, o movimento pró-governo chamado Comitê Revolucionário disse que o povo líbio e os “revolucionários” responderiam com “violência” às manifestações.
A ONG Human Rights Watch diz que ao menos 24 pessoas morreram nos confrontos desde o início da semana, em cinco pontos diferentes do país. Fontes médicas falam em ao menos 23 vítimas desde terça-feira. Dezenas de pessoas teriam ficado feridas.
Passeata
Os manifestantes em Benghazi disseram que pretendem marchar até o hospital onde estão os mortos, para levá-los ao cemitério.
Os funerais podem servir de estopim para mais levantes, e já há relatos de incêndios de prédios estatais na cidade.
Segundo testemunhas ouvidas pela BBC, a polícia até o momento não reprimiu os protestos diante da corte de Justiça, mas está patrulhando ruas próximas ao local. Os relatos não puderam ser confirmados pela BBC.
O correspondente no Cairo Jon Leyne diz que há informações sobre confrontos violentos em cinco cidades líbias até o momento, mas não em grande escala na capital do país, Trípoli.
Manifestantes pró-Khadafi também voltaram às ruas e foram vistos cantando slogans na Praça Verde, em Trípoli. Eles acusam a imprensa estrangeira de incentivar os opositores do regime.
Khadafi teria visitado a praça na manhã desta sexta-feira.
Poucas imagens
Ele governa a Líbia desde um golpe de Estado perpetrado em 1969 e é, atualmente, o líder há mais tempo no poder no mundo árabe.
Opositores dizem que o governo bloqueou o serviço de internet para prevenir que as notícias sobre as passeatas se espalhem.
Há poucas imagens dos protestos no país, feitas por vídeos amadores, e a TV estatal local apenas cobriu as marchas pró-Khadafi.
Protestos dessa magnitude são raros na Líbia, país onde a dissidência raramente tem permissão para se expressar.
As manifestações líbias são parte da onda de levantes pró-democracia no mundo árabe e muçulmano, que já derrubou governantes na Tunísia e no Egito e se espalhou por países como Bahrein, Argélia, Iêmen e Irã.