Jornal Estado de Minas

Confrontos entre opositores e polícia deixam vários feridos na Argélia

AFP
Duzentos manifestantes da oposição que pediam o fim do regime de Abdelaziz Buteflika enfrentaram este sábado as forças de segurança argelinas, com um balanço de pelo menos dois ativistas feridos, segundo um encarregado do partido Assembleia pela Cultura e a Democracia (RCD).
Apesar de uma impressionante mobilização policial, 200 pessoas conseguiram chegar à Praça do Primeiro de Maio, convocadas pela Coordenação Nacional para a Mudança e a Democracia (CNCD) e pediam, em coro, "Argélia livre de democrática", "poder assassino" e "o povo quer que o regime caia". No total, 3.000 pessoas estavam presentes no local, inclusive manifestantes, policiais e curiosos.

Tahar Besbas, deputado do RCD, recebeu uma pancada no estômago de um policial e bateu a cabeça no chão ao cair, informou um porta-voz do partido de oposição, Mohsen Belabbas. Besbas perdeu os sentidos e foi levado com múltiplos ferimentos ao hospital Mustafá, explicou o médico Rafik Hassani, segundo quem a polícia teria batido no político enquanto ele estava no chão e provavelmente estaria com a perna quebrada.

No entanto, um porta-voz da defesa civil argelina negou que o deputado estivesse ferido. Besbas "teve um momento de esgotamento, muito provavelmente por causa do cansaço e da pressão alta. Nossa equipe médica o atendeu e não tinha nada", disse um porta-voz oficial.

Outro líder da oposição, Rachid Malaui, bem como um manifestante de uns 60 anos, desmaiaram enquanto eram cercados por um cordão policial antes de ser socorridos pelos bombeiros, informou um colaborador da AFP.

Outra pessoa levou um golpe no rosto de um policial, segundo Jalil Mumen, um dos organizadores do protesto, que disse que no total uma dúzia de pessoas ficou ferida nas manifestações. Assim como aconteceu no sábado passado, quando uma marcha da CNCD foi bloqueada, ônibus com policiais usando capacetes, cassetetes e escudos, e veículos blindados tomaram as ruas da cidade da capital e um helicóptero sobrevoava a cidade.

Fontes oficiais informaram à AFP que "nove unidades da polícia foram mobilizadas na praça", levando em conta que "uma unidade é composta por 90 a 120 homens" para conter esta manifestação, proibida assim como todas as passeatas em Argel desde 2001.

Entre os manifestantes estava a presidente da Liga Argelina dos Direitos Humanos (LADDH), Mustapha Buchachi, e Abdenur Ali-Yahia, presidente de honra da organização, de 90 anos. A CNCD é uma coalizão de partidos, membros da sociedade civil e sindicatos autônomos, surgida em 21 de janeiro no rastro das manifestações do começo do ano, que deixaram 5 mortos e mais de 800 feridos.

Sua principal reivindicação é o fim do regime de Abdelaziz Buteflika, a quem consideram responsável pela alta taxa de desemprego, aos problemas de habitação e o aumento de preços, problemas similares aos que vivem Tunísia e Egito e que desencadearam revoltas nos dois países.