O embaixador líbio na Índia, Ali Al-Issawi, disse à BBC que decidiu deixar o cargo em protesto contra o uso de violência por parte do governo e afirmou que mercenários estrangeiros foram mobilizados para atuar contra cidadãos líbios.
O embaixador na Liga Árabe, Abdel Moneim Al-Honi, disse a jornalistas, no Cairo, que está se unindo à revolução, enquanto o embaixador líbio na China também renunciou.
O regime comandado por Muammar Khadafi lançou uma dura campanha de repressão contra os protestos.
Segundo dados de organizações médicas e de direitos humanos, mais de duzentas pessoas teriam morrido desde o início, na semana passada, das manifestações que pedem que Khadafi renuncie após passar mais de 40 anos no poder.
Paradeiro de Khadafi
Uma fonte informou ao correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne que há indícios de que, por causa dos protestos, Khadafi possa ter saído da capital, Trípoli, em direção ao sul da Líbia.
Os indícios são comboios de veículos vistos deixando a capital e uma movimentação acima do comum no aeroporto de Trípoli.
Para Leyne, é um indicativo de que Khadafi não pretende abandonar seu país, mas retrair-se da capital, para onde os protestos migraram na noite de domingo e na manhã desta segunda-feira.
Também há dúvidas quanto a se algum país receberia o líder líbio caso ele decidisse se exilar.
Há relatos de que aviões líbios pousaram nesta segunda-feira na Ilha de Malta, no Mediterrâneo.
Tensão nas ruas
Testemunhas afirmam que manifestantes que saíram às ruas da capital, Trípoli, na noite de domingo, foram atacados por forças de segurança com armas de fogo e gás lacrimogêneo.
Nesta segunda-feira, há relatos de que as ruas da cidade estavam tranquilas, com forças do governo patrulhando a Praça Verde, um local que vem sendo usado pelos manifestantes.
Houve sons de tiros nas primeiras horas da manhã, e bombeiros tentavam controlar um incêndio em um prédio do governo no centro da cidade, a Assembleia do Povo, que foi incendiada por manifestantes.
Benghazi, a segunda cidade do país, estaria nas mãos de manifestantes. Segundo testemunhas, a polícia fugiu de Zawiyah, a oeste da capital, e a cidade teria caído no caos. Há relatos de que muitos moradores estariam fugindo para a vizinha Tunísia.
O filho de Khadafi Saif Al-Islam advertiu que uma guerra civil poderia eclodir no país. Em um longo pronunciamento pela TV, ele prometeu reformas políticas, mas afirmou também que o regime "lutaria até a última bala", contra "elementos dissidentes".
Al-Islam admitiu, entretanto, que as cidades de Benghazi e Al-Bayda, no leste do país, tinham caído nas mãos dos manifestantes.
Um porta-voz do governo francês, François Baroin, disse a rádios francesas que a comunidade internacional precisa trabalhar para impedir que a situação na Líbia se torne ainda mais caótica.
"Estamos muito preocupados e chocados. Condenamos fortemente tudo o que está acontecendo, essa violência inacreditável. Isso pode levar a uma guerra civil extremamente violenta e longa", disse Baroin.
"Precisamos fazer o possível em nível diplomático e coordenar esforços com as posições dos Estados Unidos e da União Europeia para impedir uma crise."
Ministros do Exterior da UE disseram estar se preparando para uma possível evacuação de seus cidadãos da Líbia.
Grã-Bretanha
Nesta segunda-feira, o governo britânico chamou o embaixador líbio em Londres para uma reunião com o objetivo de expressar "a absoluta condenação" do uso de força contra manifestantes.
O ministro do Exterior britânico, William Hague, também disse ter ligado para Sayf al-Islam Khadafi no domingo para demonstrar forte insatisfação com o rumo dos acontecimentos no país.
"A Grã-Bretanha está pedindo hoje o fim da violência e que o regime se comporte com humanidade e moderação."
Hague disse que a Líbia deve permitir a entrada de observadores internacionais no país para conduzir investigações sobre o uso de violência e pediu a abertura da internet no país, o fim da repressão a jornalistas e a proteção de cidadãos estrangeiros.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse que as exigências dos manifestantes são legítimas e pediu pelo fim da violência na Líbia.