A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, pediu nesta terça-feira uma investigação internacional para determinar se foram cometidos crimes contra a Humanidade durante a repressão aos protestos contra o governo na Líbia.
Em um comunicado divulgado nesta terça-feira em Genebra, Pillay, uma ex-juíza da ONU para crimes de guerra, chamou atenção para o uso de metralhadoras, atiradores de elite e aviões militares pelas forças de segurança líbias contra manifestantes - que há dias pedem o fim do regime de Muamar Khadafi.
"Os ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil podem configurar crimes contra a Humanidade", disse a comissária.
Ela pediu que comunidade internacional aja imediatamente para encontrar os responsáveis pela violência nas ruas de cidades líbias como Benghazi e Trípoli.
As declarações da comissária foram feitas horas antes da primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a crise líbia, a portas fechadas em Nova York. O Brasil ocupa atualmente a presidência rotativa do Conselho.
Também nesta terça-feira a Liga Árabe deve se reunir em caráter emergencial para discutir os desdobramentos da última semana.
Condenação internacional
A Líbia é membro eleito do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas grupos de defesa dos direitos humanos têm pedido a suspensão do país do órgão. Até agora, não houve reação dos embaixadores líbios junto ao organismo.
Os esforços diplomáticos para encontrar uma solução para a crise no país estão ganhando impulso, após uma semana de protestos que, segundo organizações de direitos humanos, já deixaram mais de 230 mortos.
A Líbia tem sido criticada por países europeus e pelos Estados Unidos. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que é necessário interromper o que chamou de "derramamento de sangue inaceitável" na Líbia.
Em um ato de rompimento com o regime de Khadafi, membros da delegação de diplomatas da Líbia na ONU fizeram coro ao pedido de intervenção internacional.
O vice-embaixador da Líbia no órgão, Omar Al-Dabbashi, qualificou de "genocídio" a repressão patrocinada pelo governo líbio contra os manifestantes.
Dabbashi também pediu que as Nações Unidas interditassem o espaço aéreo sobre a capital líbia, Trípoli, onde relatos não confirmados dizem que pelo menos um avião de combate disparou contra manifestantes.
O embaixador líbio na Índia, Ali Al-Issawi, disse à BBC que decidiu deixar o cargo na segunda-feira em protesto contra o uso de violência por parte do governo. Ele afirmou que mercenários estrangeiros foram mobilizados para atuar contra cidadãos líbios.
No mesmo dia, o embaixador na Liga Árabe, Abdel Moneim Al-Honi, disse a jornalistas, no Cairo, que estava se unindo à revolução, enquanto o embaixador líbio na China também renunciou