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Estado de Minas

Paramilitares, mercenários e líderes tribais: saiba quem segura o regime de Kadafi


postado em 24/02/2011 10:05 / atualizado em 24/02/2011 10:17



Diferentemente de Egito e Tunísia, não são forças militares convencionais que mantêm o equilíbrio do poder na Líbia - mas uma rede de brigadas paramilitares, "comitês revolucionários" de seguidores fiéis, líderes tribais e mercenários estrangeiros.

O Exército da Líbia é quase simbólico, uma força enfraquecida de pouco mais de 40 mil homens mal armados e mal treinados. Isso é parte da estratégia de longo prazo do coronel Muamar Kadafi para eliminar o risco de um golpe militar - que foi como ele chegou ao poder em 1969.

Portanto, a dissidência de alguns elementos do Exército para o lado dos manifestantes em Benghazi não perturbou Kadafi. Não apenas ele pode viver sem eles, como seu aparato de segurança não hesitou em comandar ataques aéreos contra bases militares no leste do país.

Então, quem está segurando o regime de Kadafi e permitindo que ele esteja no poder, enquanto líderes de dois países vizinhos deixaram o poder, em meio à enorme pressão por mudanças que varre o Oriente Médio?

Segurança interna

Assim como muitos países da região, a Líbia tem um aparato de segurança interna bem equipado, amplo e brutal. O coronel Kadafi quase sempre aparece escoltado por suas guarda-costas pessoais em público.

Pense na Stasi da Alemanha Oriental ou na Securitate romena pré-1989, onde ninguém se atrevia a criticar o regime em público por medo de ser delatado para a temida polícia secreta local, e você verá as semelhanças.

Durante visitas à Líbia, é sempre difícil conseguir com que pessoas comuns falem abertamente com um jornalista, já que representantes do governo estão sempre por perto, anotando quem diz o quê.

Alguns dos filhos de Kadafi trabalharam na segurança interna do país, mas atualmente, a principal figura do aparato de segurança da Líbia - tanto interno quanto externo - é o cunhado de Kadafi, Abdullah Senussi.

Um linha-dura com fama de ser brutal, ele seria a principal força por trás da violenta repressão aos protestos, principalmente em Benghazi e no leste do país.

Os paramilitares

A Líbia tem uma série de "brigadas especiais", que respondem não ao Exército, mas aos Comitês Revolucionários de Kadafi.

Um deles seria comandado - ao menos nominalmente - por um dos filhos do coronel, Hannibal, que entrou em choque recentemente com a polícia suíça, em Genebra, depois de ter sido acusado de abusar de camareiras no local.

Os paramilitares, por vezes chamados de "Milícias do Povo", até agora têm sido leais a Kadafi e a seu círculo mais próximo, conhecido em árabe como Ahl al-Khaimah - ou, o "Povo da Tenda".

Se os paramilitares mudarem de lado e se juntarem aos manifestantes em massa, isso minaria seriamente a capacidade de sobrevivência de Kadafi.

Mercenários

Há relatos contínuos de que o regime de Kadafi vem usando mercenários africanos, a maioria vindos de países da região do Sahel, como Chade e Níger, para perpetrar atrocidades contra civis desarmados.

Testemunhas líbias dizem que mercenários atiram de cima de prédios contra multidões de manifestantes, levando a cabo ordens que vários soldados líbios se recusaram a obedecer.

Kadafi há muito cultiva relações próximas com países africanos, tendo virado as costas para o mundo árabe há algum tempo, e há cerca de 500 mil expatriados africanos na Líbia - em meio a uma população total de seis milhões.

O número de mercenários que servem a Kadafi seria pequeno, mas sua lealdade ao regime parece ser inquestionável. Há relatos de vôos extras que teriam saído do país para buscar mais mercenários nos últimos dias.

As tribos

A Líbia, assim como as repúblicas revolucionárias árabes de Iêmen e Iraque, é um país onde sua tribo pode definir suas lealdades, mas nos últimos anos as diferenças entre as tribos ficaram mais tênues, e o país é menos tribal do que era em 1969.

O coronel Kadafi vem da tribo Qadhaththa. Durante seus 41 anos no poder, ele nomeou muitos integrantes da tribo para posições-chave no regime, incluindo algumas que cuidam de sua segurança pessoal.

Assim como Saddam Hussein fez no Iraque e o presidente Saleh, no Iêmen, Kadafi é adepto da estratégia de jogar uma tribo contra a outra, dificultando que qualquer líder ameace o regime.

Especialistas em Líbia agora especulam se o regime de Kadafi cumprirá a sua profecia da guerra civil e armará deliberadamente tribos leais ao regime, para pôr fim a protestos que já o fizeram perder a metade leste do país.


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