Muamar Kadafi, ameaçado de ser perseguido por crimes contra a humanidade pela comunidade internacional que toma as primeiras ações contra o regime líbio, estava na defensiva enquanto a Líbia enfrentava o caos e os protestos continuvam por todo o mundo árabe.
O Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu na sexta-feira e deve continuar suas consultas neste sábado, e os Estados Unidos, bloquearam os bens de Kadafi e de seus quatro filhos.
Desde segunda-feira, de 40.000 a 50.000 pessoas fugiram da Líbia rumo às fronteiras terrestres e o fluxo de imigração cresce, segundo a Organização Internacional para a Imigração (OIM). Paralelamente, os protestos continuam em países do mundo árabe.
No Egito, cerca de 2.000 pessoas protestaram neste sábado na praça Tahrir do Cairo para exigir um novo governo e manter a pressão sobre os novos líderes do país, apesar dos confrontos do dia anterior com o exército, que se desculpou por seus ataques. "A revolução continua até que todas as demandas sejam satisfeitas", dizia uma bandeira, enquanto outras diziam: "Chafic ex-regime".
Os manifestantes exigem a demissão do primeiro-ministro Ahmad Chafic e de todas as personalidades do ex-regime de Hosni Mubarak, que deixou o poder em 11 de fevereiro sob pressão popular, cedendo-o ao exército.
O exército egípcio desculpou-se neste sábado depois dos confrontos durante a noite de sexta-feira entre militares e manifestantes na Praça Tahrir, mas os militantes convocaram um novo protesto para denunciar a violência.
No Bahrein, milhares de manifestantes protestaram em Manama neste sábado para exigir a queda do regime sunita, pressionando o governo um dia depois de mais de 10 mil pessoas terem ido às ruas. "Saia Hamad, saia Hamad", gritavam os manifestantes reunidos da Praça da Pérola, epicentro dos protestos iniciados em 14 de fevereiro. "As pessoas querem a queda do regime", entoavam, enquanto realizavam uma passeata na avenida da prefeitura, bloqueando o trânsito.
A Praça da Pérola, em Manama, foi transformada em centro de reunião de manifestantes, que mantêm vigília diária em centenas de tendas.
Sete pessoas foram mortas na semana passada em ações da polícia contra manifestantes que pedem a saída da dinastia sunita Al-Khalifa, que domina há 200 anos o reino de maioria xiita.
Ao menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em Aden, sul do Iêmen, cenário de manifestações contra o presidente Ali Abdullah Saleh, segundo informaram neste sábado fontes médicas e oficiais.
Fontes médicas indicaram que quatro manifestantes morreram e ao menos 40 ficaram feridos pelos disparos da polícia na dispersão de manifestações nesta sexta-feira à noite em Aden.
Mas os serviços de segurança desmentiram ter disparado contra os manifestantes, afirmando que um soldado e outras duas pessoas tinham morrido, e atribuiu as mortes a "elementos separatistas" nesta província que se uniu ao Iêmen em 1990.
Essas mortes elevam para ao menos 15 o número de mortos em Aden desde o início da revolta, em 27 de janeiro, contra o regime do presidente, no poder há 32 anos. Outras duas pessoas morreram em Sanaa e uma terceira em Taez.
Na Tunísia, as forças de segurança entraram em confronto neste sábado no centro de Túnis com cerca de 300 manifestantes, que protestavam contra o governo constituído após a saída do ditador Ben Ali, constataram jornalistas da AFP.
Os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e efetuaram disparos de advertência, enquanto os manifestantes atiravam pedras.
Policiais de unidades antidistúrbios e policiais civis, a maioria deles encapuzados, tentavam bloquear a passagem de manifestantes. A polícia realizou numerosas e enérgicas prisões e pediu reforços, constatou a AFP. Os manifestantes, de seu lado, arrancaram bancos e cartazes publicitários para tentar frear o avanço dos caminhões da polícia.