A chegada de um novo primeiro-ministro não pareceu apaziguar os ânimos, mesmo com a demissão, nesta segunda-feira, do ministro da Indústria e Tecnologia, Mohamed Afif Chelbi. Chelbi pertencia ao último governo Ben Ali e sua presença no governo de transição era contestada pelos manifestantes.
A situação continuava tensa na Avenida central Habib Bourguiba, epicentro da contestação, após dois dias de violentos confrontos entre manifestantes e policiais que fizeram cinco mortos, segundo um balanço oficial. Uma sexta pessoa foi morta na região de Ben Arous, a cerca de dez quilômetros ao sul de Túnis.
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Primeiro-ministro da Tunísia anuncia renúnciaNovos confrontos entre policiais e manifestantes na TunísiaDurante o fim de semana, as lojas de um grande centro comercial foram saqueadas e um supermercado foi incendiado, de acordo com testemunhas. "O governo de Ben Ali partiu, o do povo deve assumir", declarou Rached Ghannouchi, presidente do influente movimento islâmico Ennahdha, reagindo à nomeação do novo primeiro-ministro e acrescentando que "o próximo governo deve obter a adesão do Conselho de Proteção da Revolução".
A nomeação "rápida e sem consulta" de Beji Caid Essebsi, um ex-ministro de Habib Bourguiba, pai da independência e presidente de 1957 até 1987, "foi uma surpresa", declarou à AFP o secretário-geral adjunto da União Geral dos Trabalhadores Tunisianos (UGTT), Ali Ben Romdhane. "Como podemos garantir o acordo desejado para tirar a Tunísia desta situação difícil se o presidente não dá ao menos 24 horas para consultas sobre a designação de um primeiro-ministro, quem quer que ele seja?", perguntou-se o dirigente da UGTT, cuja organização é muito influente no país graças a sua representatividade através do país.