Jornal Estado de Minas

Em meio a guerra civil, países vizinhos à Líbia recebem milhares de refugiados

Cecilia Kruel
Cerca de 15 mil refugiados da Líbia, a maioria deles tunisianos,a campam na fronteira entre os dois países. A Cruz Vermelha e os Emirados Arábes planejam a contrução de outro campo de refugiados, prevendo a fuga de mais cidadãos - Foto: JOEL SAGET
Desde o início dos protestos contra o regime do ditador Muamar Kadafi na Líbia, a Jordânia retirou mais de um terço dos seus cidadãos que estavam na Líbia, de acordo com o embaixador em Trípoli, Munther Qaba'a. "Quase 3,5 mil jordanianos voltaram para casa até o momento. Cerca de 2,5 mil decidiram ficar na Líbia porque vivem lá há muitos anos, onde têm negócios e investimentos". Segundo Qaba'a, "a embaixada jordaniana em Trípoli mantém contato com todos os que decidiram ficar".
Antes da crise política começar, acredita-se que 9 mil jordanianos viviam na Líbia. Qaba'a afirmou à agência estatal Petra News que os pedidos de retorno vêm diminuindo. Amã solicitou a Trípoli que ajude a enviar os jordanianos para casa, de modo que aviões militares foram providenciados para transportá-los.

Reino Unido repatria 500 refugiados

O Reino Unido está repatriando 500 cidadãos de Bangladesh que fugiram da Líbia para a Tunísia, de acordo com o secretário de desenvolvimento internacional britânico, Andrew Mitchell. "Eu mesmo vi a proporção da situação humanitária na fronteira da Líbia com a Tunísia", declarou Mitchell, em comunicado, após visitar um campo de fronteira. "Prometi que vamos fazer tudo o que for possível para dar abrigo aos abandonados e levá-los de volta para casa o mais rapidamente possível."

Segundo ele, já foram retirados mais de 6 mil egípcios "e essa ação inicial até o momento evitou uma crise humanitária". Mas o Reino Unido "não está satisfeito, por isso está atuando agora pra levar 500 bengaleses para casa com segurança", acrescentou.

Guerra civil

Helicópteros líbios atiraram neste domingo contra uma força rebelde que avançava para Oeste, a caminho da capital Trípoli, pela costa mediterrânea. Forças leais a Muamar Kadafi enfrentaram os combatentes rivais em uma intensa batalha em terra. No caminho a Trípoli desde a semana passada, as forças de oposição tomaram o controle de dois importantes portos petrolíferos em Brega e Ras Lanouf.

Outra cena de forte violência foi observada na cidade de Misrata 200 km a leste de Trípoli, onde um médico afirmou à Associated Press que 20 pessoas foram mortas e 100 ficaram feridas. Moradores disseram que as tropas pró-Kadafi entraram na cidade com morteiros e tanques, mas foram expulsas cinco horas depois por forças rebeldes.

Os combates deste domingo parecem ser o sinal do início de uma nova fase no conflito. O fato de o governo usar armamento pesado contra os rebeldes mostra o temor do governo de que eles ocupem a cidade de Sirte, cidade natal e fortaleza de Kadafi. Se Sirte cair nas mãos dos rebeldes, as forças anti-Kadafi ganharão grande força moral e podem ser estimuladas a romper os portões de Trípoli. A força de oposição é estimada em 500 a 1 mil combatentes.

ONU

As Nações Unidas pediram neste domingo um "acesso urgente" à cidade líbia de Misrata, 150 km a leste de Trípoli, para ajudar as vítimas "feridas e moribundas" dos bombardeios das forças leais ao líder Muamar Kadhafi.

(Com informações das agências)