Jornal Estado de Minas

Rebeldes líbios perdem espaço para forças de Kadafi

Agência Estado
Rebelde dispara arma anti-aérea durante bombardeio em Ras Lanuf nesta segunda-feira - Foto: REUTERS/Goran Tomasevic
Rebeldes líbios cederam espaço para as forças do governante Muamar Kadafi nesta segunda-feira. Além disso, as Nações Unidas já nomearam um enviado humanitário para lidar com a crise da Líbia. Os preços internacionais do petróleo subiram novamente, enquanto o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse que os ataques contra civis de tropas de Kadafi podem representar um crime contra a humanidade.
Os rebeldes começaram a recuar da estratégica cidade portuária de Ras Lanuf, conforme jatos realizavam ataques nos extremos da cidade. Há o temor de que o governo prepare um ataque em terra na área. Pelo menos duas crianças morreram, disseram testemunhas. Após as mais sangrentas batalhas no confronto de três semanas no domingo, a ONU exigiu acesso urgente aos feridos e mortos na cidade de Misurata, no oeste do país.

Um médico disse que 21 pessoas, incluindo uma criança, foram mortas por disparos e confrontos em Misurata no domingo. Outras 91 ficaram feridas. "A grande maioria deles era civil, incluindo um garoto de 2 anos e meio", disse o médico. Misurata é a terceira maior cidade do país e foi atacada por tanques de Kadafi.

"Esses ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil podem representar crimes contra a humanidade", afirmou Rasmussen em entrevista coletiva na sede da Otan, em Bruxelas. Segundo ele, a resposta "ultrajante" do regime líbio aos protestos criou uma "crise humanitária", que concerne a todos.

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que os altos funcionários ainda fiéis a Kadafi devem ser responsabilizados pelas ações violentas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nomeou o ex-chanceler da Jordânia Abdul Ilah Khatib como seu enviado especial para lidar com o regime líbio em questões humanitárias. Em comunicado, Ban pediu o fim do uso da força desproporcional pelo governo e também dos ataques indiscriminados contra civis.

- Foto: ReproduçãoA ONU pediu US$ 160 milhões para a ajuda aos refugiados no país do norte africano. A Grã-Bretanha e a França discutem uma resolução sobre uma zona de exclusão aérea na Líbia, que pode ser levada ao Conselho de Segurança da ONU nesta semana, disse um diplomata. Essa zona seria imposta para evitar mais ataques aéreos contra civis.

O jornal The New York Times informou que funcionários da Defesa dos EUA preparam várias opções militares por terra, mar e ar para a Líbia, para o caso de Washington decidir intervir.

Kadafi não tem hesitado em atacar pela via aérea posições rebeldes. Relatos de que aviões do regime atacaram manifestantes em Benghazi nos primeiros dias de protestos estão entre as acusações investigadas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

Em Ras Lanuf, os rebeldes foram repelidos e tiveram de recuar para Bin Jawad, 30 quilômetros a oeste ao longo da costa de Ras Lanuf, onde pelo menos 12 pessoas morreram e outras 50 se feriram quando tropas favoráveis a Kadafi emboscaram rebeldes, disseram médicos.

Os preços do petróleo subiram por causa dos distúrbios no Oriente Médio. Kadafi, em entrevista divulgada nesta segunda-feira pela emissora de televisão France24, acusou novamente a Al-Qaeda de estar por trás da revolta. Também criticou a França, dizendo que o país europeu interfere em assuntos internos de outra nação.

Dezenas de milhares de refugiados fogem dos conflitos pelo país. Muitos deles estão na fronteira com a Tunísia, onde há o risco de uma crise humanitária. As informações são da Dow Jones.