O problema afeta principalmente os moradores de Abidjan, a maior cidade do país, onde há mais de 300 mil deslocados. A maioria está vivendo em abrigos, em condições extremamente precárias. No restante do país, pelo menos outras 70 mil pessoas também foram prejudicadas pelo conflito.
De acordo com o Acnur, cerca de 60 famílias estão presas em uma igreja no distrito de Abobo (oeste), após serem impedidas de sair por um grupo armado. O número de refugiados marfinenses na vizinha Libéria também vem crescendo e já chega a 75 mil.
A crise no país teve início em novembro, após as eleições presidenciais. Apesar de Alassane Ouattara ser considerado o vencedor pela comunidade internacional, seu rival, Laurent Gbagbo, que tentava a reeleição, se recusa a deixar a Presidência.
Cacau
Além do problema com os deslocados, o impasse político no país também vem gerando violência e mortes. A situação vem se agravando, por exemplo, no leste do país, onde partidários de Ouattara tentam controlar importantes centros produtores de cacau – a Costa do Marfim é o maior exportador do produto do mundo. Na segunda-feira, Gbagbo ordenou que seu governo passasse a controlar todo o tipo de comercialização e exportação do produto.
O governo americano reagiu nesta terça-feira à medida, condenando os planos do ex-presidente de nacionalizar o setor cacaueiro do país. O porta-voz do Departamento de Estado, PJ Crowley, comparou o plano a um roubo e disse que não passar de outro ato desesperado de Gbagbo para se manter no poder.
A crise que assola o país também fez vítimas em Abidjan. Durante uma manifestação nesta terça-feira, convocada para protestar contra o assassinato de sete mulheres na semana passada, um tiroteio deixou pelo menos quatro mortos. Testemunhas da manifestação, convocada por ocasião do Dia Internacional da Mulher, disseram que os tiros foram disparados por partidários de Gbagbo.