Egípcios armados com facas e pedaços de pau atacaram nesta quarta-feira centenas de ativistas pró-democracia na praça Tahrir, no centro do Cairo, informou a TV estatal. "Centenas de homens, carregando facas e espadas, entraram na praça Tahrir", reportou a TV estatal. A emissora exibiu imagens dos confrontos registrados nesta praça, que foi o epicentro dos protestos que levaram à queda do presidente Hosni Mubarak em fevereiro. Defensores de Mubarak atacaram os ativistas, que se defenderam lançando pedras e construindo barricadas improvisadas. "Há algumas horas, os agressores pró-Mubarak nos atacaram e tentaram entrar na (praça) Tahrir, mas nós conseguimos afastá-los com paus e pedras. Tememos que eles voltem", contou à AFP Mouez Mohammed, jovem militante do movimento pró-democracia. Muitos manifestantes que participaram da rebelião que culminou com a queda do presidente continuam acampados na praça Tahrir, para manter a pressão sobre os militares do governo de transição. Não havia sinal de qualquer presença das forças de segurança no local, com exceção de dois tanques do exército que protegiam o Museu Egípcio. Os confrontos ocorreram durante reunião do novo gabinete de governo com o Conselho Supremo das Forças Armadas para estudar uma lei que incriminaria a incitação ao ódio e que pode levar à pena de morte, informou a TV estatal. Os militares tentam manter o controle em vários fronts, depois que 10 pessoas morreram e pelo menos 110 ficaram feridas durante violentos confrontos religiosos no Cairo. Os confrontos aconteceram na noite de terça-feira, quando os cristãos protestavam contra o incêndio de uma igreja ao sul da capital egípcia. Os manifestantes foram atacados por salafistas armados, que também abriram fogo contra as casas dos cristãos. Os coptas (cristãos do Egito) protestavam por causa da violência de que a comunidade foi vítima e que acabou com um incêndio que destruiu grande parte da igreja de Al Shahidaine, situada em Soul, sul do Cairo. Mais de mil cristãos se reuniram na terça-feira no centro de Cairo enquanto que outros bloquearam uma rodovia para protestar contra esta violência confessional. Os coptas representam 6 a 10% da população do país, e se dizem vítimas de discriminação e perseguição.