Este apelo à ação, o segundo em uma semana, ilustra a necessidade de os ricos Estados produtores de petróleo mostrarem concretamente solidariedade com a população líbia ante o que denunciaram como "genocídio", numa declaração inicial, divulgada no dia 22 de fevereiro. "A decisão do CCG de apoiar a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia não foi tomada apenas pelo reino, mas de forma coletiva", destacou Abdul Aziz Sager, um especialista em Arábia Saudita no Centro de pesquisa sobre o Golfo.
No entanto, Riad aparece como o último peso pesado da região após a recente mudança do regime no Egito. A monarquia saudita, berço do Islã e detentor de um quarto das reservas mundiais de petróleo, ficou sozinho em termos de influência financeira e moral para mobilizar um apoio árabe, esperado na Europa e nos Estados Unidos.
Mas, como destacam analistas na região, esta responsabilidade é mais difícil de ser assumida pelo reino conservador que vê com desconfiança e até hostilidade as intromissões externas em seus próprios assuntos. "O que aconteceu na Tunísia, no Egito e agora na Líbia, é considerado assunto interno destes países", explicou Sager à AFP.
Em dois episódios recentes, os mais significativos de intervenções internacionais no mundo árabe, o reino adotou posições diferentes, ilustrando sua ambivalência em relação a isto.
Em 1990, o rei Fahd aprovou o deslocamento de tropas estrangeiras no reino para tirar Saddam Hussein do Kuwait, e esta decisão alimentou o ódio de Osama bin Laden contra a família reinante.
Em 2003, o rei Abdullah opôs-se oficialmente ao uso pelos Estados Unidos do território saoudita para lançar sua invasão do Iraque, e esta atitude contribuiu para um clima de tensão com Washington.
Hoje, "a possibilidade de o reino apelar a uma intervenção na Líbia é temperada por sua forte desconfiança em relação a interferências de outros países", destacou uma especialista do Brookings Institute de Doha, Leigh Nolan.