Jornal Estado de Minas

Medo de ameaça nuclear no Japão faz lembrar acidentes graves em usinas

AFP
Depois do terremoto a ameça nuclear espalhou temor pelo Japão. A radioatividade recebida em uma hora por uma pessoa na usina nuclear de Fukushima, que registrou uma explosão depois do tremres e do tsunami, corresponde ao limite anual admissível, informou neste sábado a agência de notícias Kyodo.
Apesar de o governo japonês dizer que usina nuclear está "sob controle", a preocupação com a radioatividade ainda incomoda. O medo faz lembrar os acidentes mais graves em usinas nucleares das últimas três décadas:

Confira o histórico que inclui tragédias nos Estados Unidos, Rússia, e no próprio Japão:

- 28 de março de 1979 - ESTADOS UNIDOS - Em Three Mile Island (Pensilvânia), uma série de erros humanos e de falhas materiais impediram o resfriamento normal de um reator, cujo centro começou a derreter. Os dejetos radioativos provocaram uma enorme contaminação no interior do recinto de confinamento (Containment Building), mas não afetou a população nem o meio ambiente. Cerca de 140 mil pessoas foram temporariamente deslocadas. O acidente foi classificado no nível 5 da escala internacional de eventos nucleares (INES), de um total de sete níveis.

- Agosto de 1979 - ESTADOS UNIDOS - Um vazamento de urânio em uma instalação nuclear secreta perto de Erwin (Tennessee) contaminou cerca de mil pessoas.

- Janeiro-Março de 1981 - JAPÃO - Quatro vazamentos radioativos ocorrem na usina nuclear de Tsuruga (centro). 278 pessoas foram contaminadas por radiação.

- 26 de abril de 1986 - URSS - O reator número 4 da usina soviética de Chernobyl (Ucrânia) explodiu durante um teste de segurança, causando a maior catástrofe nuclear civil da história e fazendo mais de 25 mil mortos (estimativas oficiais). Durante dez dias, o combustível nuclear queimou, jogando na atmosfera radionuclídeos de uma intensidade equivalente a mais de 200 bombas atômicas iguais a que caiu em Hiroshima e contaminando três quartos da Europa.

Moscou tentou encobrir o desastre e, depois, minimizar o acidente, classificado em nível 7. As vítimas foram em maioria russos, ucranianos e bielorrussos que participaram da limpeza e da construção de um sarcófago ao redor do reator acidentado.

- Abril de 1993 - RÚSSIA - Uma explosão na usina de reprocessamento de combustível irradiado em Tomsk-7, cidade secreta da Sibéria Ocidental, provocou a formação de uma nuvem e a projeção de matérias radioativas. O número de vítimas é desconhecido.

- 11 de março de 1997 - JAPÃO - A usina experimental de reprocessamento de Tokaimura (nordeste de Tóquio) foi parcialmente paralisada depois de um incêndio e de uma explosão que contaminou 37 pessoas.

- 30 de setembro de 1999 - JAPÃO - Um novo acidente no centro de Tokaimura, devido a erro humano, levou a morte dois técnicos. Mais de 600 pessoas, funcionários e habitantes do entorno, foram expostas à radiação e cerca de 320 mil pessoas foram evacuadas da área. Esse acidente, classificado em nível 4, foi o mais grave depois de Chernobyl.

Os dois técnicos haviam provocado involuntariamente um acidente de criticidade (reação nuclear descontrolada) ao utilizar uma quantidade de urânio muito superior à prevista durante o processo de fabricação.

- 9 de agosto de 2004 - JAPÃO - Na usina nuclear de Mihama (centro), vapor não radioativo vazou por um encanamento que se rompeu em seguida, ao que parece, por uma grande corrosão, provocando a morte de cinco funcionários por queimaduras.

- 23 de julho de 2008 - FRANÇA - Durante uma operação de manutenção realizada em um dos reatores da usina nuclear de Tricastin (sul), substâncias radioativas vazaram, contaminando muito levemente uma centena de empregados.

- 12 de março de 2011 - JAPÃO - No dia seguinte a um terremoto muito forte seguido de tsunami, uma explosão ocorreu no reator da usina nuclear de Fukushima Nº1 (250 km ao norte de Tóquio).