A explosão no reator foi registrada às 15h36, hora local (3h36 de Brasília) na usina nuclear de Fukushima número 1. Vários funcionários ficaram feridos, informou a televisão pública NHK. Os problemas começaram depois do forte sismo de sexta-feira. O reator superaqueceu e houve falha no sistema de resfriamento.
Veja o infográfico sobre o perigo das usinas no Japão
Antes disso, companhia elétrica que administra a instalação, a Tokyo Electric Power (Tepco), recebeu instruções de abrir as válvulas do reator para soltar o vapor radioativo e baixar a pressão interna, que estava particularmente elevada.
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A Agência de Segurança Nuclear e Industrial informou que uma fusão poderia estar se produzindo no interior do reator. Césio radioativo foi, de fato, detectado ao redor da central, o que pode comprovar a ocorrência de tal fenômeno, segundo um especialista. Já o porta-voz do governo, Yukio Edano, mostrou-se tranquilizador: citando a operadora Tokyo Electric Power (Tepco), destacou que o contêiner do reator não sofreu grandes danos e que o nível de radiação começava a diminuir.
Pressão pública
A oposição contra a indústria nuclear é forte no Japão. A cada ano, milhares de pessoas se reúnem para relembrar as vítimas das duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Mas, ante a pobreza de recursos naturais do arquipélago, a energia nuclear civil é considerada um mal necessário. São mais de 50 reatores espalhados pela costa do Japão, suprindo 30% das necessidades elétricas do país.
Esses reatores foram construídos para suportar os tremores sísmicos e parar automaticamente em caso de um abalo muito forte. Onze deles, situados nas zonas mais atingidas pelo terremoto de ontem, pararam automaticamente.
Uma outra usina nuclear da região, a Fukushima número 2, também registrou problemas no sistema de resfriamento de quatro reatores. A Tepco adotou medidas de prevenção, com a população sendo retirada das proximidades. Antes de tomarem conhecimento destes incidentes, os japoneses constataram, de madrugada, um espetáculo de desolação. "Foi o mais importante tremor desde a era Meiji (1868 a 1912) e muita gente deve ter morrido", declarou o porta-voz do governo.
Segundo o Greenpeace, os danos causados vão mergulhar o Japão "em uma crise nuclear de consequências potencialmente devastadoras". Se uma fusão ocorrer dentro do reator, "há possibilidade de uma maior dispersão de radioatividade no meio ambiente", informou James Acton, físico que examinou a usina de Kashiwazaki-Kariwa após o terremoto de 2007. Se isso acontecer, "existe o risco de câncer em longo prazo e este é o principal perigo", declarou à CNN.
Socorro
Uma operação maciça de socorro está sendo realizada com o auxílio de 50 mil soldados e voluntários, apoiados por 190 aviões e dezenas de navios nas zonas sinistradas do litoral do Pacífico. Segundo a polícia, 215 mil pessoas foram levadas a abrigos no Norte e no Leste do país. Segundo a agência de notícias Kyodo, mais de 3.400 casas foram destruídas.
Pelo menos 5,6 milhões de lares ainda estão sem eletricidade. Milhares de pessoas estão privadas de água potável. As Forças de Autodefesa (FAD, nome oficial do exército nipônico) mobilizavam-se para organizar o socorro.
O exército americano ofereceu ajuda para o transporte de soldados e veículos, enquanto que navios da 7ª Frota devem participar das operações de busca no mar, ao lado da marinha nipônica.
O terremoto, de magnitude 8,9, foi registrado na sexta-feira, às 14h46, hora local (02h46 de Brasília) a 24,4 quilômetros de profundidade e a uma centena de quilômetros ao longo da prefeitura (Estado) de Miyagi. As primeiras equipes de socorro estão sendo esperadas para as próximas horas e são provenientes de Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos.