As autoridades japonesas decretaram estado de emergência numa segunda usina nuclear, a de Onagawa (nordeste) também afetada pelo forte terremoto de sexta-feira, anunciou neste domingo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "As autoridades japonesas informaram à AIEA que o primeiro estado de emergência (o nível mais baixo) na central de Onagawa foi registrado pela Tohoku Electric Power Company", explicou a agência da ONU, com sede em Viena.
Usina de Fukushima
O porta-voz do chefe do governo japonês, Yukio Edano, disse neste domingo que a pressão no reator número 3 da usina de Fukushima está subindo e que uma medição no local mostra que o nível de água para esfriar o reator não está se elevando. Edano disse porém que não houve mudanças no nível de radiação no local.
Ainda há possibilidades de uma explosão em razão do aumento de hidrogênio no prédio que abriga o reator, disse ele, embora tenha afirmado que a situação está melhorando. Edano afirmou ainda que não descarta a possibilidade de uma aumento de impostos para custear a reconstrução da área devastada, mas acrescentou que o governo não está considerando especificamente esta medida.
Combustível é muito tóxico
O MOX, combustível utilizado na usina nuclear japonesa de Fukushima, é material particularmente tóxico, informou uma ONG francesa, a Rede Sair do Nuclear (Sortir du nucléaire, RSN). O reator N°3 em particular, está exposto ao superaquecimento e funciona com o MOX ("mistura de óxidos") um combustível "extremamente perigoso que entra mais facilmente em fusão que os clássicos", diz a RSN.
Composto de urânio e de plutônio, provenientes de dejetos nucleares reciclados, o MOX é "bem mais reativo que os combustíveis padrões", explicou à AFP Jean-Marie Brom, engenheiro atômico, diretor de pesquisas no CNRS (organismo público de pesquisa), e que é, também, membro do RSN. "O plutônio, que não existe em estado natural, é veneno químico violento", explicou.
Segundo o RSN, sua "toxicidade é temível: basta inalar uma partícula para desenvolver câncer de pulmão". O Japão começou recentemente a utilizar o MOX para fazer funcionar suas usinas nucleares e previu, em 2008, ampliar progressivamente seu uso em 2011-2012. Um contrato de fornecimento de MOX foi feito com a empresa nuclear francês Areva.
Segundo operadores, na usina nuclear de Fukushima (a 250 km a nordeste de Tóquio) os sistemas de manutenção do nível líquido de resfriamento do reator N°3 estavam "em pane". O governo japonês chegou a prevenir que "não se pode excluir uma explosão", como a de sábado no reator N°1 da mesma central nuclear.