A onda gigante destruiu a zona costeira. Em meio à lama, o telhado de uma casa se destaca, virado de cabeça para baixo. Mais além, há um monte quase irreconhecível de aço retorcido: cinco automóveis, amalgamados pela força da água.
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Empresa não descarta fusão de combustível no reator 2 de FukushimaJaponeses devem deixar arredores de usina nuclearTerremoto moveu costa do Japão, alterou equilíbrio da terra e reduziu duração dos dias Desaparecido após tsunami, casal com recém-nascido é localizado em escolaSua casa foi arrastada pela enxurrada, e há três dias Miki vive junto com outros mil sobreviventes na escola onde trabalha, transformada em abrigo temporário pela prefeitura. Na primeira noite, tudo que havia para comer eram alguns biscoitos.
Depois, a organização e a solidariedade que caracterizam a sociedade japonesa tornaram melhores as condições de vida dos desabrigados, apesar da falta de energia elétrica e água. Uma bomba hidráulica e banheiros portáteis foram instalados por voluntários no estacionamento do colégio.
No ginásio de esportes, uma centena de pessoas dorme em colchonetes cobertos por mantas doadas. "A situação continua sendo difícil, mas fazemos o máximo possível para ajudar as vítimas", disse Emiko Okuyama, prefeito de Sendai.
A ajuda aos sobreviventes é a prioridade, porque "a esperança de encontrar pessoas vivas quase desapareceu", lamentou. Vestidos com seus uniformes cor de laranja, equipes de socorristas percorrem o bairro devastado, onde soldados já começaram a remover os escombros.
O primeiro-ministro Naoto Kan mobilizou 100.000 militares - o que equivale a 40% do Exército japonês - para participar nas operações de socorro. Muitos países também enviaram voluntários para ajudar.
Yoichi Aizawa, de 84 anos, um dos sobreviventes de Sendai, retornou rapidamente à casa onde morava para tentar recuperar alguns objetos pessoais, sem saber em que estado encontraria o imóvel. "Quando a terra tremeu, a casa não sofreu danos, mas depois veio a onda... foi espantoso!", contou.
Em um albergue da cidade vizinha de Natori, estão abrigadas sete jovens estrangeiras surpreendidas pela catástrofe quando viajavam de trem pela região. "Temos pouco contato com o mundo exterior, mas eles nos dão de comer e conseguimos tomar banho", afirmou a britânica Alice Caffyn, de 21 anos, que não sabe quando ela e as amigas poderão retornar a Tóquio.