Segundo o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Vieira Barros, um tremor de magnitude 5 é algo moderado, mas que, dependendo da localização de seu epicentro, pode produzir graves danos. Ainda segundo Barros, os chamados abalos secundários, ou réplicas, são esperados e devem diminuir aos poucos já que as placas rochosas que formam a crosta terrestre, e cujo deslocamento provoca os tremores, tendem a se acomodar em um novo ponto de equilíbrio. De acordo com Barros, isso reduz as chances de que um novo tremor de igual intensidade ocorra nos próximos dias.
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Cerca de 2,5 mil turistas estrangeiros estão desaparecidos no JapãoRuas de Sendai têm carros virados, lama e destroços Terremoto moveu costa do Japão, alterou equilíbrio da terra e reduziu duração dos dias Família assistiu a avanço de onda e sobreviveu por pouco em cidade arrasadaBombeiros mineiros poderão ser enviados para o JapãoOMS: risco da crise nuclear para a saúde pública é mínimoTerremoto moveu costa do Japão, alterou equilíbrio da Terra e reduziu duração dos diasDe acordo com Barros, as réplicas, em tese, podem atingir uma magnitude até 1,2 grau menor que o sismo principal. Portanto, segundo ele, no Japão seria possível a ocorrência de um novo terremoto de até 7,6 pontos de magnitude, "embora isso seja pouco provável", pondera Barros. "Dificilmente isso vai acontecer no mesmo local porque as forças que poderiam liberar a energia necessária para que isso ocorra já foram liberadas. Se um outro de magnitude semelhante vier a acontecer, será em outro local".
José Roberto Barbosa, técnico do Grupo de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG-USP), também considera difícil o Japão voltar a ser atingido por um terremoto de igual ou maior magnitude, mas previne que não é possível prever como a natureza irá se comportar. "Dificilmente acontecerá um terremoto maior que este de sexta-feira. E, se acontecer, ele deixará de ser uma réplica para se tornar o tremor principal, enquanto o de sexta-feira passará a ser visto como um terremoto premonitor", explicou Barros, lembrando que na quarta-feira da semana passada já havia ocorrido um terremoto de 7,2 pontos próximo à costa japonesa.
"No Japão, terremotos acontecem o tempo todo. Nos dias que antecederam o que causou toda esta destruição ocorreram uma série de tremores que eles entenderam como natural. Este mesmo de 7,2 assustou as pessoas, mas como não causou nenhum problema, foi interpretado como mais um tremor forte. Ninguém podia imaginar que dois dias depois fosse acontecer um terremoto cem vezes mais potente", disse Barbosa.