O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse nesta segunda-feira que nenhum país adotará medidas coercitivas e unilaterais contra a Líbia, a não ser que a decisão seja aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Em entrevista à imprensa após participar do "Encontro Empresarial Brasil-Uruguai", na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Patriota disse ter conversado por telefone no domingo com a Alta Representante da União Europeia para Relações Exteriores, Catherine Ashton, que relatou que qualquer passo ou medida adicional que envolva forças militares contra a Líbia terá de ser discutida no Conselho. O chanceler disse ter ficado satisfeito com as informações que coincidem com o ponto de vista brasileiro. "Além disso, qualquer medida terá que ser realizada sob a moldura da Carta da ONU, ou seja, não haverá intervenção militar unilateral que seja decida por um país ou um conjunto de países", afirmou.
Patriota disse que o Brasil tem mantido "coordenação estreita" com os membros permanentes e temporários do Conselho de Segurança, além de países da América Latina. Ele lembrou que, nos últimos dias, o Conselho adotou uma resolução "muito ambiciosa" contra a Líbia, que estabeleceu o embargo de armas, congelamento dos bens de Muamar Kadafi e sua família (inclusive no exterior), proibição de viagens para 16 pessoas do governo e submeteu o uso de força militar contra civis à Corte Internacional. "Não são medidas suaves, são medidas muito fortes adotadas por consenso pela comunidade internacional. Apenas a implementação dessas medidas já requer uma acompanhamento próximo", ressaltou. De acordo com o chanceler, deve chegar nesta segunda-feira à Líbia um um diplomata da Jordânia no cargo de Alto Representante do Secretário-Geral da ONU, que deverá buscar diálogo com o governo numa tentativa de reduzir o nível de violência no conflito entre as forças leais ao ditador e a oposição. "Nós apoiamos plenamente esses esforços."