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Estado de Minas

Opositores denunciam 'ocupação' por presença de soldados estrangeiros em Bahrein


postado em 14/03/2011 15:54

Tropas sauditas cruzam a ponte em direção ao Bahrein nesta segunda: cerca de 1.000 soldados, segundo Riad (foto: Reuters TV)
Tropas sauditas cruzam a ponte em direção ao Bahrein nesta segunda: cerca de 1.000 soldados, segundo Riad (foto: Reuters TV)

A oposição do Bahrein, liderada por xiitas, queixou-se nesta segunda-feira da "ocupação estrangeira" após a chegada de tropas da força conjunta dos países do Golfo, que ajudam a restabelecer a ordem no momento em que se intensifica a contestação à dinastia sunita dos Al-Khalifa.

"O povo do Bahrein enfrenta um perigo real, o de uma guerra contra os cidadãos bairenitas sem declaração de guerra", ressaltaram os sete integrantes da oposição, dentre eles o Wefaq xiita, em um comunicado.

"Consideramos a entrada de qualquer soldado, de qualquer veículo militar nos espaços terrestre, aéreo ou marítimo do reino do Bahrein uma ocupação flagrante, um complô contra o povo do Bahrein desarmado, e uma violação das (...) convenções internacionais", acrescentou a oposição.

Mais de mil soldados sauditas já chegaram ao Bahrein, de acordo com uma autoridade saudita que pediu para não ser identificada.

As autoridades bareinitas não confirmaram essas informações oficialmente, mas a televisão estatal divulgou imagens mostrando "a frente" de um contingente da força conjunta dos países do Golfo prestes a entrar na ilha, provenientes da Arábia Saudita.

Riad indicou ter "atendido a um pedido de apoio do Bahrein", em um comunicado do governo, que indica reagir a uma ameaça à segurança.

Já os Emirados Árabes Unidos anunciaram nesta segunda-feira que vão enviar tropas ao Bahrein para contribuir com a preservação da ordem e da estabilidade no país vizinho.

Posição dos EUA

Em Washington, a Casa Branca pediu nesta segunda-feira aos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) que respeitem os direitos dos habitantes de Bahrein depois do anúncio do envio de tropas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes a este pequeno reino sacudido por violentos protestos.

"Pedimos a nossos aliados do CCG a conter-se e respeitar os direitos dos barenitas e atuar para favorecei o diálogo ao invés de impedi-lo", afirmou à AFP o porta-voz da Casa Branca, Tommy Vietor.

Esse deslocamento de tropas ocorre após uma intensificação das manifestações xiitas que bloqueavam nesta segunda-feira os acessos ao centro de Manama, onde ficam localizados os bairros do centro financeiro e dos prédios públicos, segundo um correspondente da AFP.

A cidade está quase paralisada por uma greve geral lançada pelos sindicatos para protestar contra a repressão às manifestações.

No domingo, os manifestantes foram dispersados pela polícia próximo ao distrito financeiro de Bahrein, ao centro bancário regional e ao arquipélago estratégico que abriga a V Frota americana.

Em seu comunicado, a oposição pediu à comunidade internacional que "proteja o povo do Bahrein do perigo de uma intervenção militar" e que "convoque por esse motivo" o Conselho de Segurança da ONU.

Os soldados que chegaram ao Bahrein fazem parte da força conjunta do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), chamada de "Escudo da Península", criada em 1984.

Qualquer força do CCG mobilizada em um país membro "deve ser autorizada pelo país que a recebe", ressaltou a autoridade saudita sob anonimato, levando a crer que cabe ao Bahrein dar permissão às forças de ordem.

O Bahrein é ligado, por uma ponte, ao leste da Arábia Saudita, sede do CCG, que reúne as monarquias árabes do Golfo - entre elas o Bahrein e também os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Omã e Kuwait.

O CCG manifestou mais de uma vez a sua solidariedade com os autoridades bairenitas que enfrentam uma contestação crescente desde meados de fevereiro. Ele decidiu no dia 10 de março criar um fundo de desenvolvimento de 20 bilhões de dólares para ajudar Bahrein e Omã, outro país em que ocorrem manifestações contra o governo.

No Bahrein, os ativistas exigem reformas políticas e uma verdadeira monarquia constitucional. Alguns não hesitam em pedir a saída da dinastia sunita dos Al-Khalifa que governa este país, cuja população é em sua maioria xiita.


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