Milhões de pessoas nas áreas mais afetadas pelo terremoto na região nordeste do Japão permanecem sem água, comida, eletricidade e gasolina há quatro dias.
Segundo a agência de notícias Kyodo News, mais de 500 mil pessoas estão desabrigadas em consequência do terremoto e do tsunami que atingiram o país na última sexta-feira.
Filas quilométricas se formam em supermercados e postos de gasolina para conseguir suprimentos. Nos abrigos improvisados, milhares sofrem com as baixas temperaturas do inverno.
O governo japonês deslocou 100 mil soldados para ajudar na distribuição de 120 mil cobertores, 120 mil garrafas de água, toneladas de comida e 111 mil litros de gasolina aos afetados pela catástrofe.
Nesta segunda-feira, a companhia de eletricidade Tokyo Electric Power (Tecpo) deu início aos cortes de eletricidade planejados em áreas próximas à capital, para evitar blecautes.
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Estima-se que cerca de 45 milhões de pessoas em Tóquio e em outras oito províncias serão afetadas pelos cortes.
No entanto, a área central de Tóquio será poupada, já que os escritórios do governo e muitas sedes de empresas funcionam no local.
Explosões
Também nesta segunda-feira, o sistema de resfriamento de mais um reator da usina nuclear de Fukushima voltou a sofrer uma pane, aumentando o risco de superaquecimento, segundo a Kyodo News.
Um operador da instalação informou que as barras de combustível do reator nuclear número 2 ficaram completamente expostas, quando a bomba que injetava água do mar para resfriar a instalação parou de funcionar.
Horas antes, os técnicos haviam conseguido estabilizar a situação de superaquecimento com as medidas de emergência, depois que problemas semelhantes causaram explosões nos reatores 1 e 3 da usina.
Segundo o funcionário, o núcleo do reator nuclear número 2 pode estar começando a derreter. De acordo com a Kyodo News, a Tepco informou ao governo japonês que a situação é de emergência.
A empresa disse que a explosão de hidrogênio no reator número 3, que aconteceu no início da manhã, pode ter causado um curto-circuito no sistema de resfriamento do reator 2. O incidente deixou onze feridos, um deles em estado grave.
A Tepco disse ainda que tentará abrir um buraco no muro do edifício que abriga o segundo reator, para evitar o acúmulo de hidrogênio que causou as explosões anteriores.
Segundo a agência de segurança nuclear do Japão, a prioridade da empresa continua sendo o resfriamento do reator 2, mas os outros reatores também precisarão de mais injeções de água.
A agência diz que os níveis de radiação continuam abaixo dos limites considerados legalmente perigosos.
Dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas das proximidades da instalação e 22 estão sob tratamento por exposição à radiação, mas o governo descartou a possibilidade de aumentar a área de evacuação no momento.
Devastação
Uma gigantesca operação foi posta em marcha para resgatar os milhares de mortos e desaparecidos no desastre natural.
A repórter da BBC Rachel Harvey, que está na cidade portuária de Minamisanriku, disse que as águas avançaram cerca de 2 km terra adentro, devastando a paisagem com destroços.
A repórter disse que o cenário é de extrema destruição e que é improvável que haja muitos sobreviventes.
A agência Kyodo News afirmou que 2.000 corpos foram encontrados na região administrativa de Miyagi nesta segunda-feira. Segundo a TV pública NHK, mil corpos teriam sido encontrados na península de Ojika e mil em Minamisanriku.
Com isso, o total de mortos no desastre pode ultrapassar 10 mil, segundo estimativas.
Em Sendai, capital de Miyagi, a 300 km de Tóquio, as equipes de resgate também estão encontrando cenas de devastação.
Ainda segundo o canal de TV japonês, aproximadamente 450 mil pessoas tiveram que deixar suas casas nas seis Províncias mais atingidas pelo terremoto.
Réplicas do terremoto de sexta-feira estão sendo registradas na capital japonesa.
Crise
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, disse que o desastre mergulha o país "na crise mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)".
Estimativas preliminares elevam os custos de recuperação da tragédia em dezenas de bilhões de dólares - um forte golpe para o país, em um momento em que a economia mundial dá sinais de retomada.
O governo afirmou que injetará 15 trilhões de ienes na economia japonesa (mais de US$ 180 bilhões) para dar um sinal positivo para o mercado financeiro, que abriu em queda nesta segunda-feira