Manifestantes protestam em frente à embaixada da Arábia Saudita em Manama, nesta terça: estado de emergência por três meses - Foto: AFP PHOTO/JAMES LAWLER DUGGAN
Um manifestante e um policial foram mortos nesta terça-feira no Bahrein onde o rei proclamou estado de urgência no dia seguinte à chegada de tropas do Golfo para ajudar a conter a onda de contestação xiita, que criou uma crise diplomática com o Irã.
Apesar da proclamação do estado de urgência, milhares de manifestantes xiitas se reuniram diante da embaixada saudita para protestar contra a chegada de tropas desse país. "Bahrein livre, fora tropas do 'Escudo da Península'", bradava a multidão.
As tropas mobilizadas pertenciam ao "Escudo da Península", uma força conjunta dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG - Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã, Qatar e Kuwait).
Um manifestante foi morto durante confrontos com as forças de segurança no setor xiita de Sitra, ao sul de Manama, segundo fontes médicas e ativistas.
Um policial também morreu depois de ter sido atropelado intencionalmente por um motorista que fazia parte dos "arruaceiros", anunciou o Ministério do Interior.
"Em razão das circunstâncias no Bahrein (...) o rei, Hamad Ben Issa al-Khalifa, proclamou estado de urgência por um período de três meses", indica um comunicado oficial.
O rei encarregou o comandante das Forças Armadas de restabelecer a ordem mobilizando o Exército, as forças policiais, as unidades da Guarda Nacional e "qualquer outra força, caso seja necessário".
Esta última menção parece ser uma referência às unidades sauditas e aos policiais dos Emirados Árabes Unidos mobilizados no Bahrein.
No campo diplomático, o Bahrein anunciou ter convocado o seu embaixador em Teerã para protestar contra as críticas iranianas à mobilização de forças do Golfo, principalmente sauditas, no pequeno reino para conter as manifestações contra a dinastia sunita.
"O embaixador do Bahrein em Teerã foi convocado para consulta", indicou um porta-voz do Ministério bareinita das Relações Exteriores depois de ter denunciado as críticas iranianas.
"O Bahrein condena com veemência a declaração iraniana que é uma ingerência flagrante em seus assuntos internos. Ele a rejeita em sua totalidade e vê nela uma ameaça à segurança da região", declarou Hamad al-Amer, subsecretário do Ministério à agência oficial Bna.
"A declaração iraniana não respeita nenhum dos princípios da boa vizinhança, da lei internacional, da Carta das Nações Unidas e da Organização da Conferência Islâmica", disse o porta-voz bareinita.
Em Teerã, o Ministério iraniano das Relações Exteriores classificou a intervenção de forças estrangeiras no Bahrein de "inaceitável" e considerou que ela "tornará a situação mais complicada e mais difícil" de resolver.
O Irã protestou oficialmente contra o envio de tropas do Golfo ao Bahrein, convocando o embaixador saudita, o embaixador suíço (representante dos interesses americanos no Irã) e o encarregado de negócios bareinita.
A Casa Branca, advertiu nesta terça-feira que "não há solução militar" para os acontecimentos políticos no Bahrein, onde a maioria da população é xiita e a monarquia é sunita.
"Uma coisa está clara: não há solução militar para os problemas do Bahrein. Uma solução política é necessária e todas as partes devem trabalhar por um diálogo que atenderá às necessidades de todos os habitantes de Bahrein", declarou o porta-voz da Casa Branca, Tommy Vietor.