Pelo menos duas pessoas morreram e cerca de 200 ficaram feridas nesta terça-feira durante protestos na capital do Bahrein, Manama.
O correspondente da BBC na cidade, Keith Adams, diz que fontes médicas afirmam não conseguir tratar de todos os feridos, muitos com marcas de tiros.
Médicos e ambulâncias estariam sendo alvejadas por policiais à paisana. Adams afirma que os relatos de violência aumentaram depois que anoiteceu na cidade.
Desde o anúncio no início da terça-feira de que o país havia declarado um estado de emergência por três meses, a oposição xiita montou barricadas improvisadas no coração financeiro da cidade e muitos manifestantes estavam armados.
Oposicionistas dizem esperar uma grande ofensiva do governo para retomar a área.
Estrangeiros
O estado de emergência, que deve vigorar por três meses, foi anunciado em meio aos protestos políticos que se intensificaram na última semana.
De acordo com o comunicado oficial, o chefe das Forças Armadas foi autorizado a tomar qualquer medida necessária para "proteger a segurança do país e de seus cidadãos".
Os protestos contra o governo são liderados pela maioria xiita, correspondente a 70% da população, que pede mais participação política. Muçulmanos sunitas detêm o poder no Bahrein há dois séculos.
Na segunda-feira, cerca de mil soldados sauditas e 500 dos Emirados Árabes Unidos chegaram ao Bahrein, após o governo do país pedir ajuda ao Conselho de Cooperação do Golfo, instituição formada pela Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Catar, Emirados Árabes Unidos e o próprio Bahrein, para conter os protestos.
A oposição xiita afirmou que a chegada de tropas estrangeiras ao país representa uma "declaração de guerra".
A expectativa é de que os soldados estrangeiros sejam encarregados de proteger instalações ligadas aos setores petrolífero e financeiro.
Irã
O Irã, a principal nação xiita no Golfo Pérsico, disse que o uso de soldados estrangeiros no Bahrein é "inaceitável e complicará ainda mais o problema".
A correspondente da BBC em Washington Kim Ghattas afirmou que, com a crise no Bahrein, "os interesses nacionais americanos estão na balança, talvez mais do que estavam durante a crise no Egito".
"Quando os Estados Unidos olham para o Bahrein, eles veem o Irã, e a imagem fica um pouco obscura", diz Ghattas.
De acordo com a correspondente, "os xiitas do país são discriminados no país e dizem que os protestos não tem nada a ver com o Irã, e sim com a vontade de serem completamente aceitos como cidadãos bareinitas".