Jornal Estado de Minas

Segredo envolve operação para proteger Obama durante visita ao Brasil

Edson Luiz
As autoridades brasileiras estão mantendo em completo sigilo o esquema de segurança para a visita que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fará ao Brasil neste fim de semana. A coordenação da operação ficará por conta do Comando do Exército, encarregado de definir os detalhes com o Serviço Secreto americano, responsável pela guarda do presidente. A Polícia Federal, que trabalhará na segurança pessoal de Obama, também acionará seus serviços marítimo, aéreo e de operações especiais em Brasília e no Rio de Janeiro, para onde o presidente americano seguirá no sábado.
O Ministério das Relações Exteriores e o governo dos EUA fizeram um acordo para que todos os procedimentos relacionados à segurança de Obama fossem mantidos em segredo, inclusive os trajetos, tanto em Brasília quanto no Rio. Todos os órgãos envolvidos nas operações, como a PF, as secretarias de Segurança Pública do DF e do RJ e as Forças Armadas, entre outros, ficarão subordinados ao Exército, que trabalhará em conjunto com os americanos. Nem mesmo o efetivo usado em toda a operação é revelado.

“O Exército brasileiro terá a responsabilidade de coordenar as ações de segurança relacionadas à visita oficial do presidente dos Estados Unidos ao Brasil, que ocorrerá em Brasília e no Rio de Janeiro, indicando os coordenadores de segurança de área, que realizarão contatos necessários com as demais Forças Armadas, os Ministérios das Relações Exteriores e da Justiça, os governos do Distrito Federal e do Rio de Janeiro e outras ligações julgadas pertinentes”, limitou-se a explicar o Comando do Exército, por meio de nota de seu Centro de Comunicação Social (Cecomsex).

Durante a semana, a Polícia Federal mobilizou várias equipes de peritos criminais, cães farejadores e o esquadrão antibomba para fazer varreduras nos locais por onde Obama circulará ou se hospedará. O trabalho vai continuar até o dia da chegada do presidente americano. O Núcleo de Polícia Marítima (Nepom) da PF no Rio vai fazer patrulhamentos antes e durante a estada de Obama na cidade, assim como a Marinha. A força também fará o policiamento do Lago Paranoá, próximo ao hotel onde as autoridades estarão hospedadas. A PF colocará, ainda, toda a frota de helicópteros de sua Coordenação de Operações Aéreas (Caop), além da Diretoria de Inteligência Policial.

Obama poderá optar por sua segurança pessoal, mas a PF já destacou centenas de agentes para fazer a escolta. Outros chefes de Estado, como o venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro, sempre preferiram a escolta de seus próprios países. Os policiais brasileiros comporão um comboio, mas o número de carros também não é revelado. Snipers — atiradores de elite — do Comando de Operações Táticas (COT) da PF e do Exército estarão em pontos estratégicos, como prédios da Esplanada. Quase todo o efetivo do COT, que é a força de elite da Polícia Federal, também farão parte da comitiva.

As Secretarias de Segurança Pública do DF e do Rio não farão parte diretamente do esquema de segurança de Obama. "Nossa missão é dar suporte", diz o secretário do Distrito Federal, Daniel Lorenz, explicando que a atuação será no policiamento de ruas e no controle do trânsito, durante a passagem do presidente americano.

Malas

A Base Aérea de Brasília deve receber na sexta-feira um cargueiro da Força Aérea Americana trazendo os últimos pertences da família de Barack Obama e de sua comitiva. Toda a bebida e a comida, além de três limousines, chegarão dos Estados Unidos um dia antes do presidente.

Essa será a segunda remessa de bagagens trazida pelos americanos. Na quinta-feira, por volta das 11h, pousou na Base Aérea um avião que trouxe malas da comitiva e da família presidencial, que vai passar dois dias em território brasileiro. A carga encheu sete caminhões. O transporte entre a base aérea e o hotel Royal Tulip Brasília Alvorada (antigo Blue Tree), no Setor de Hotéis Turísticos Norte, foi feito por uma transportadora de Brasília. O cargueiro trouxe também uma equipe operacional composta por 20 homens e uma coordenadora.

Comitivas

As visitas do então presidente americano George W. Bush e do papa Bento XVI foram as que mais mereceram atenção das autoridades brasileiras, nos últimos anos. Nos dois casos, tanto a Polícia Federal quanto o Exército usaram seus maiores efetivos. Os mandatários da América do Sul são os que merecem menor atenção, por não serem visados em seus países, com exceção de Hugo Chávez, da Venezuela, que viaja com seguranças próprios.

Quando esteve no Brasil, em 2007, Bush foi recebido por um grande esquema de segurança, talvez um dos maiores dos últimos 10 anos. O motivo foi a série de atentados de 11 de setembro de 2001. Desde aquela ocasião, a Casa Branca reforçou os procedimentos.