Jornal Estado de Minas

Forte tremor de 6 graus balança edifícios em Tóquio

Radiação cai e técnicos retomam trabalho em usina

Agência Estado AFP
Técnicos estavam trabalhando em Fukushima, jogando água do mar nos reatores para tentar estabilizá-los e evitar um superaquecimento - Foto: AFP PHOTO / GO TAKAYAMA

Um forte terremoto de magnitude 6, na escala Richter, ocorreu às 12h52 desta quarta-feira, no horário local, na região da cidade de Chiba, no Japão, (0h52, em Brasília), fazendo com que os edifícios na vizinha Tóquio chacoalhassem de forma prolongada, informou o Serviço Meteorológico japonês. Não foi lançado nenhum alerta de tsunami e não há registro de feridos. O epicentro localizou-se no Oceano Pacífico, a 25 quilômetros de profundidade, a uns 70 quilômetros de Mito, na ilha japonesa de Honshu.


Na escala japonesa, o tremor alcançou a intensidade 5 de um máximo de 7. Em Chiba, cidade vizinha a Tóquio, a intensidade foi de 5, e na capital japonesa marcou magnitude 3. Na noite de terça-feira, no horário local, outro sismo de 6 graus, na escala Richter, já havia ocorrido no sudoeste de Tóquio, com epicentro localizado na província de Shizuoka, o qual também foi bastante sentido na capital japonesa.

Crise nuclear

O Japão está disposto a pedir ajuda às forças armadas dos Estados Unidos para enfrentar a catástrofe nuclear na central de Fukushima, informou o porta-voz do governo japonês.

Perguntado pela imprensa se o governo japonês havia solicitado a ajuda dos Estados Unidos, o porta-voz Yukio Edano respondeu que Tóquio "se prepara" para tal eventualidade. "A cooperação militar americana pode ser útil" na central de Fukushima, onde os americanos "já estão auxiliando com apoio logístico".

Oito navios militares americanos, incluindo o porta-aviões "Ronald Reagan" e sua escolta, participam das operações de resgate no nordeste do Japão, devastado por um terremoto de 9 graus seguido por um devastador tsunami.

Na escala japonesa, o tremor desta quarta-feira alcançou a intensidade 5 de um máximo de 7 - Foto: AFP PHOTO / MIKE CLARKE

O "Ronald Reagan" é usado como plataforma para abastecer os helicópteros do exército e da guarda costeira japoneses que participam das operações de resgate.

Já os aparelhos do porta-aviões realizam missões de reconhecimento e abastecimento das vítimas do desastre, segundo o Pentágono.

Funcionários da usina nuclear afetada por explosões após o tremor de sexta-feira no Japão voltaram ao local para tentar esfriar e estabilizar os reatores nesta quarta-feira. O porta-voz do governo Yukio Edano disse que os níveis de radiação caíram na usina.

No início do dia, o governo japonês tinha obrigado os técnicos a suspender as tentativas de estabilizar os reatores por causa de um pico nos níveis de radiação na usina nuclear de Fukushima.


Momentos antes, a usina (no nordeste do Japão) começou a expelir uma fumaça branca, intensificando os temores de um acidente radioativo. A fumaça teve início poucas horas após a ocorrência de um novo incêndio no reator 4 da instalação, que ainda estava sendo combatido.

Segundo a Tokyo Electric Power Co (Tepco), que opera a usina, a fumaça poderia ser um vapor, produzido pelo superaquecimento de um taque de combustível. A usina já havia sofrido outras quatro explosões, que provocaram o vazamento de elementos radioativos. Os técnicos estavam trabalhando em Fukushima, jogando água do mar nos reatores para tentar estabilizá-los e evitar um superaquecimento.

Neve

O sistema de resfriamento de Fukushima foi danificado durante o terremoto de 9 graus de magnitude e o tsunami que devastaram a costa leste do país na sexta-feira.

Funcionários do governo aconselharam moradores num raio de 20 a 30 km da usina a deixar a área ou permanecer abrigados. Em Tóquio, a mais de 200 quilômetros de Fukushima, o nível de radiação sofreram uma pequena elevação, suficiente para amedontrar os moradores, que começam a estocar mantimentos.

O governo confirmou a morte de mais de 3 mil pessoas, mas teme que o número seja superior a 10 mil.
Cerca de 500 mil pessoas estão em abrigos temporários, que sofrem com a falta de comida, água, eletricidade e combustível. Também há escassez de cobertores em alguns lugares, enquanto a meteorologia prevê temperaturas abaixo de zero e nevascas.

AIEA

Nesta terça-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) anunciou estar monitorando os níveis de radiação nas proximidades da usina e que a quantidade de radiação nas regiões próximas vinha diminuindo significativamente desde a madrugada.

A AIEA disse que outras usinas nucleares japonesas, como Onagawa, Tokai e Fukushima Daini estão “estáveis e seguras”, mas que a situação em Daiichi, onde estão os reatores danificados, ainda era preocupante.

Uma zona de exclusão aérea foi estabelecida sobre o complexo nuclear. De acordo com a AIEA, 150 pessoas na região da usina foram examinadas para detectar possíveis contaminações por radiação. Já foram tomadas medidas para a descontaminação de 23 pessoas.

A agência diz que o total de radiação a que uma pessoa normalmente se expõe durante um ano, contando todas as fontes normais, é de cerca de 2,4 milisieverts (unidade de medida que avalia os efeitos da radiação absorvida pelo organismo).

Pessoas que vivem nas proximidades de instalações nucleares estão expostas a uma dose de 1 milisievert adicional ao ano, segundo a agência. Dentro da usina de Fukushima Daiichi, uma medição chegou a detectar 400 milisieverts de radiação no ar, entre os reatores número 3 e número 4.

Nos arredores da instalação, a quantidade de radiação liberada no ar chegou a atingir 11,9 milisieverts, mas caiu para 0,6 milisieverts seis horas depois.

A Organização Meteorológica Mundial disse que ventos começam a dispersar o material radioativo do ar para o oceano. No entanto, há previsões de que a direção das correntes de ar mudem na quarta-feira.