Jornal Estado de Minas

Polícia controla capital de Bahrein após violenta repressão dos protestos

AFP
As forças de segurança do Bahrein conseguiram controlar nesta quarta-feira o centro da capital Manama, impondo um toque de recolher depois de terem dispersado violentamente os manifestantes, a maioria xiitas, matando pelo menos três pessoas.
As autoridades do Bahrein decretaram um toque de recolher nesta quarta-feira, que vai das 16H00 (10H00 de Brasília) às 04H00 (22H00 GMT) nos bairros do centro de Manama onde se concentram as manifestações.

Imagens da televisão estatal mostram a polícia ocupando a Praça da Pérola, centro dos protestos contra o clã real sunita Al Khalifa, enquanto retroescavadeiras removiam as barricadas erguidas pelos manifestantes na entrada do distrito financeiro.

A praça ainda mostrava rastros da violenta intervenção das forças de segurança: barracas de campanha destruídas, restos de focos de incêndio e destroços de todo tipo.

O ataque contra os manifestantes aconteceu depois que o rei Hamad Ben Isa Al Khalifa decretou estado de emergência. Na véspera, ele recebeu o apoio de outras monarquias vizinhas do Golfo, que enviaram tropas para ajudá-lo a enfrentar a rebelião popular.

Ainda não foi oficialmente confirmada a participação de forças estrangeiras, particularmente sauditas, na operação para acabar com as manifestações, e deputados da bancada governista do Bahrein declararam que o papel destes soldados é "proteger instalações vitais" do país.

Centenas de soldados do batalhão de choque chegaram à praça a bordo de tanques, veículos blindados e ônibus, dispersando os manifestantes e tomando o controle do perímetro. "Temos três mortos e um grande número de feridos", disse à AFP um deputado da oposição. "A situação é catastrófica. As forças dispararam com munição real", disse Jalil Marzuk, do movimento xiita Wefaq.

O ministério do Interior, por sua vez, informou que dois policiais morreram na operação, ambos atropelados por manifestantes. Marzuk acusou a polícia de ter bloqueado o acesso ao hospital Salmaniya, e de ter impedido a evacuação dos feridos.

Outro deputado do Wefaq, Ali al Aswad, denunciou que a polícia investiu simultaneamente em outras localidades xiitas próximas a Manama, onde combateram os manifestantes. "Não houve como resistir", declarou um dos manifestantes da Praça da Pérola.

Em declarações ao canal Al-Jazeera, o dirigente do Wefaq Ali Salman comparou a ação da polícia do Bahrein à das forças líbias que atacam os insurgentes anti-Kadhafi. Entretanto, fez um apelo aos manifestantes barenitas, pedindo que "preservem o caráter pacífico do protesto". "A solução não virá pelos canhões", estimou.

As autoridades justificaram a repressão evocando a necessidade de restabelecer a ordem, acusando os manifestantes - que ocupavam a Praça da Pérola desde 19 de fevereiro - de tentar paralisar o país.