Jornal Estado de Minas

Desastre no Japão deve se tornar o mais caro da história

Segundo levantamento do Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos Desastres (Cred), o desastre natural mais custoso até hoje havia sido o terremoto de Kobe, no Japão, em 1995, com um custo estimado em US$ 143 bilhões, em valores atualizados - Foto: BBCCom estimativas de danos que já chegam a US$ 200 bilhões, segundo algumas avaliações, o terremoto e o tsunami que atingiram o Japão na semana passada devem se tornar o desastre natural mais custoso da história.

Segundo um levantamento feito pelo Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos Desastres (Cred), o desastre natural mais custoso até hoje havia sido o terremoto de Kobe, no Japão, em 1995, com um custo estimado em US$ 143 bilhões, em valores atualizados.

Logo depois aparece o furacão Katrina, que causou estragos em vários Estados americanos e arrasou a cidade de Nova Orleans, em 2004. Os custos dessa tragédia foram estimados em US$ 140 bilhões em valores atuais.

DESASTRES NATURAIS MAIS CUSTOSOS

Confira a galeria de imagens


Terremoto de Kobe (Japão, 1995)
US$ 143 bi

Furacão Katrina (EUA, 2005)

US$ 140 bi

Terremoto de Sichuan (China, 2008)

US$ 86 bi

Terremoto de Irpinia (Itália, 1980)

US$ 53 bi

Terremoto de Northridge (EUA, 1994)

US$ 44 bi

Furacão Andrew (EUA, 1992)

US$ 41 bi

Enchentes (China, 1998)

US$ 40 bi

Terremoto de Chuetsu (Japão, 2004)

US$ 32 bi

Furacão Ike (EUA, 2008)

US$ 30 bi

Terremoto (Chile, 2010)

US$ 30 bi


Fonte: Cred (Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos Desastres)

Eventos recentes

Entre os 20 desastres naturais mais custosos da história, segundo o levantamento do Cred, aparecem apenas dois eventos anteriores à década de 1980: o terremoto de Tangshan, na China, em 1976, que aparece em 14º na lista, com um custo atual estimado em US$ 21 bilhões, e as enchentes de 1931 na China, com danos de US$ 20 bilhões.

Para David Hargitt, gerente de dados do Cred, a concentração de eventos mais recentes no topo da lista pode ser explicada pelo desenvolvimento econômico. “Há mais obras de infraestrutura, mais edifícios, mais pessoas morando num mesmo espaço. Há mais coisas para serem destruídas”, observa.

“Num lugar onde antes havia dez casas, hoje pode haver cem edifícios, com um valor maior, o que aumenta os custos”, explica.

Como efeito de comparação, o grande terremoto de 1906 em San Francisco, que deixou desabrigada praticamente um terço da população da cidade, de 400 mil habitantes na época, aparece apenas na 36ª posição na lista do Cred, com danos estimados em US$ 12,7 bilhões em valores atualizados.

O terremoto do Haiti no ano passado, que devastou a capital do país, Porto Príncipe, e teria matado mais de 300 mil pessoas, segundo o governo haitiano, é apenas o 69º desastre natural mais custoso, segundo a lista do Cred.

A organização belga, que atua como consultora da ONU, vem compilando dados sobre desastres em todo o mundo há mais de 30 anos.

O centro ainda não incluiu os dados sobre a atual tragédia no Japão em sua lista, por considerar que é um evento ainda em andamento.

“Esperamos até que todos os trabalhos de resgate estejam terminados para fazermos uma análise mais cuidadosa sobre os custos”, explica Hargitt. “Ainda não temos uma estimativa para o Japão, mas a impressão, a prior, é de que esse deve se tornar o desastre natural mais custoso da história”, diz.

Segundo ele, os dados do centro estão baseados em informações oficiais, em verificações de campo e avaliações da companhia internacional de seguros Munich Re.

O banco de investimentos Goldman Sachs estimou as perdas com o deastre no Japão em US$ 200 bilhões, enquanto o Barclays Capital Japan avalia os custos em US$ 186 bilhões. Entre as outras estimativas sobre as perdas até agora estão as do banco Credit Suisse (US$ 175 bilhões) e do Citigroup (US$ 122 bilhões).