Jornal Estado de Minas

Trípoli aceita cessar-fogo sob condições

AFP
O governo líbio está disposto a aceitar um cessar-fogo com os rebeldes, mas exige discutir os detalhes antes de sua aplicação, declarou na madrugada desta sexta-feira o vice-ministro das Relações Exteriores, Khaled Kaaim, em entrevista coletiva concedida em Trípoli.
"Estamos dispostos a tomar esta decisão (do cessar-fogo), mas necessitamos de um interlocutor bem preciso para discutir sua aplicação", declarou Kaim logo após a resolução do Conselho de Segurança da ONU autorizando "todas as medidas necessárias" para proteger os civis líbios e impor uma trégua ao regime do coronel Muammar Khadafi.

"Discutimos na noite passada com o emissário da ONU (o jordaniano Abdul Ilah Khatib) e levantamos questões legítimas sobre a aplicação do cessar-fogo".

Kaim destacou que seu país vai "reagir positivamente à resolução da ONU e vamos provar esta vontade garantindo uma proteção aos civis".

O Conselho de Segurança aprovou o uso da força, incluindo o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia, para impedir um massacre sobre as forças rebeldes, mas excluiu um contingente "estrangeiro de ocupação sob qualquer forma e em qualquer parte do território líbio". 

A decisão da ONU foi qualificada por Kaaim de "ameaça à unidade e à estabilidade" da Líbia, e de um "apelo aos líbios para que se matem".

"Esta resolução traduz uma atitude agressiva da comunidade internacional (...) e é resultado de um "complô guiado pela vontade de países como França, Grã-Bretanha e Estados Unidos para dividir a Líbia".

A resolução da ONU foi adotada no momento em que Kadhafi anunciava um ataque sobre Benghazi, prometendo "perseguir os traidores", enquanto o comando rebelde convocava os insurgentes a guarnecer as baterias de artilharia e mísseis para defender o principal feudo da oposição, no leste do país.