A decisão da agência nuclear japonesa ocorreu devido ao dano causado ao núcleo dos reatores e ao vazamento contínuo de radiação, e classifica a situação como um "acidente com amplas consequências". Segundo a agência, a avaliação é específica para as explosões ocorridas nos reatores 1, 2 e 3.
O sistema de resfriamento dos reatores da usina foi danificado durante o terremoto de magnitude 9 que atingiu o país no último dia 11, mergulhando o país em uma crise nuclear.
A mudança de nível coloca o acidente de Fukushima dois níveis abaixo do desastre da usina de Chernobyl, ocorrido em 1986 na Ucrânia (na época, parte da União Soviética).
A medida também iguala o caso japonês ao acidente na usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia (Estados Unidos), em 1979.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), o japonês Yukiya Amano, afirmou em Tóquio que as tentativas para conter o vazamento de material radioativo na usina são uma "corrida contra o tempo".
Resfriamento
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A AIEA disse em um comunicado que o sistema de resfriamento deve ser reconectado assim que terminar o processo de despejar água para resfriar o reator de número 3.
De acordo com a empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), o reator número 2 preocupa porque ele fica em um edifício que permanece com o teto intacto. Por isso, não pode ser resfriado por água jogada de helicópteros.
Nessa quinta-feira, toneladas de água foram despejadas nos reatores 3 e 4 por helicópteros e caminhões de bombeiros da Força de Autodefesa do Japão e por um caminhão-pipa da Polícia japonesa.
O objetivo da operação é impedir o derretimento das barras de combustível nuclear armazenadas no reservatório. Se danificadas, elas podem liberar muita radioatividade na atmosfera.
A agência de notícias japonesa Kyodo Newsdisse que as tentativas de jogar água no reservatório de combustível do reator 3 de Daiichi foram bem sucedidas.
Evacuação
Alarmados, países de todo o mundo cobram do governo japonês maiores explicações sobre a situação, enquanto realizam operações para a retirada de seus cidadãos e pessoal diplomático do país.
O governo japonês evacuou os moradores num raio de 20 km da usina nuclear Fukushima Daiichi e sugeriu aos moradores em um raio inferior a 30 km que permanecessem em suas casas.
No entanto, a embaixada dos Estados Unidos sugeriu aos norte-americanos que moram num raio de 80 km que evacuem a área como medida de prevenção.
A embaixada britânica advertiu aos seus nacionais para que deixem Tóquio e áreas mais ao norte, enquanto a Rússia anunciou a retirada de famílias de diplomatas da capital.
A França pediu à Air France para disponibilizar mais aviões na rota Tóquio-Paris e, assim, facilitar a saída dos franceses da cidade.
Outras embaixadas transferiram seus funcionários para cidades mais a sudoeste do Japão. O governo da Áustria, por exemplo, transferiu suas atividades para Osaka.
Muitas multinacionais seguiram o exemplo dos governos e também realocaram seus funcionários para outras áreas ou países asiáticos.
Com medo de um desastre nuclear, diversos japoneses começaram a deixar Tóquio e regiões adjacentes para se protegerem de uma possível nuvem de radiação.
Busca
Paralelamente aos esforços para conter a crise no país, continua no Japão a procura por vítimas do terremoto do dia 11, que foi seguido por um tsunami. O número de mortos em decorrência do desastre já passa de 5,7 mil.
Autoridades japonesas dizem que o progresso da remoção dos destroços deixados pela onda gigante expandiu a área de busca de corpos e de possíveis sobreviventes.
No entanto, problemas no fornecimento de combustível no país estão dificultando a chegada de suprimentos aos desabrigados pelo terremoto e pela crise nuclear, segundo a Kyodo.
A falta de combustível também limita o uso de maquinaria pesada na limpeza dos destroços e de sistemas de aquecimento, fazendo com que a população sofra com as baixas temperaturas do inverno japonês.