O repórter da BBC Andy Gallacher disse que Aristide chegou a Porto Príncipe, a capital haitiana, em um jato particular, acompanhado do ator e ativista americano Danny Glover. Ele foi recebido com entusiasmo por seus partidários.
Segundo Gallacher, Aristide pode interferir na eleição de domingo caso decida questionar a legitimidade do processo eleitoral.
Os Estados Unidos se disseram “profundamente preocupados” com a possibilidade de que a volta do ex-presidente desestabilize o país e chegaram a pedir que Aristide atrasasse seu retorno.
No entanto, o ex-presidente, que foi forçado a fugir em 2004 em meio a uma revolta no Haiti, diz que não almeja um papel ativo na política haitiana.
Jean-Claude Duvalier, conhecido como "Baby Doc", outro ex-líder do Haiti, também voltou recentemente ao país. Ele agora está sendo processado por tortura e crimes contra a humanidade.
Segundo turno
Funcionários do governo dos Estados Unidos disseram que o presidente Barack Obama telefonou para o mandatário sul-africano, Jacob Zuma, para manifestar sua preocupação quanto à volta de Aristide. “Os Estados Unidos, ao lado de outros na comunidade internacional, estão profundamente preocupados com a possibilidade de que a volta do presidente Aristide ao Haiti nos últimos dias da eleição possa ser desestabilizadora”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Tommy Vietor na quinta-feira.
A ex-primeira-dama Mirlande Manigat e o cantor Michel Martelly se enfrentam no segundo turno da eleição haitiana, numa disputa marcada por controvérsias.
O candidato do partido governista, Jude Célestin, deixou a disputa após observadores internacionais denunciarem uma fraude em seu favor no primeiro turno, em novembro.
O novo presidente enfrentará vários problemas. O país ainda está tentando se recuperar do devastador terremoto do ano passado, e uma subsequente epidemia de cólera agora parece pior do que se pensava, com alertas de que a infecção pode atingir 800 mil pessoas.
Aristide, um ex-padre católico, tornou-se em 1991 o primeiro presidente eleito democraticamente do país, mas foi derrubado sete meses depois.
Ele foi reeleito em 2000, mas seu segundo mandato foi marcado por uma crise econômica, e ele acabou deixando o poder. Seu partido, o Fanmi Lavalas, foi impedido de participar da eleição atual, supostamente devido a erros técnicos na ficha de inscrição.