Egito promove referendo na primeira votação da era pós-Mubarak
O chefe da Liga Árabe, Amr Musa, de nacionalidade egípcia, e com ambições presidenciais, comemorou a alta participação.
"Pouco importa que as pessoas votem sim ou não. O importante é que as pessoas votem. Precisamos de um novo Egito", declarou Musa, um adversário da reforma proposta.
"É um dia de alegria. Antes, tínhamos resultados já preparados com antecipação, agora ninguém pode prever um resultado", declarou, por sua vez, o guia da Irmandade Muçulmana, Mohammad Badie, depois de votar.
Ele completou que seu movimento, que é favorável à reforma, aceitaria o veredicto as urnas, seja ele qual for.
Os partidários da revisão são favoráveis a uma rápida transição com mudanças limitadas da Constituição, enquanto que o campo adverso defende uma nova lei fundamental, apesar de isso levar mais tempo.
"Tenho 67 anos e é a primeira vez que voto. Precisamos de uma nova Constituição, e precisamos dar tempo para que os jovens que fizeram a revolução possam formar partidos", afirmou Mohamed Mahmoud, um aposentado que se opõe à reforma.
O poderoso movimento da Irmandade Muçulmana pegou cartazes a favor da reforma, considerada indispensável para estabilizar o país.
"Queremos a estabilidade. Não temos tempo de nos lançar na elaboração de uma nova Constituição", afirma Hamdi Mohamed Badri, um professor de 46 anos partidário das emendas propostas.
As principais reformas afetam os mandatos presidenciais, que podem ser limitados de seis para quatro anos. Também foram flexibilizadas as condições das candidaturas.
As emendas foram elaboradas por uma comissão de juristas designada pelo exército, a cargo da direção do país desde a saída de Mubarak após uma revolta popular. As forças armadas comprometeram-se a estabelecer um regime civil, eleito democraticamente.
No caso de a reforma ser rejeitada, os militares divulgaram que realizarão uma "declaração constitucional limitada" para organizar a continuação da prometida transição à democracia, sem dar mais detalhes.